Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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epresentação profissional”. Profissionais comprometidos com o processo de redemocratização do Brasil assumiram a direção do Clube de Engenharia, do SENGE, e da AEARJ. Alguns dos profissionais ligados a estas organizações participaram, em 1985, da criação do Ministério da Reforma Agrária, mas “logo ficou claro que este trabalho seria rapidamente interrompido pela ação das forças contrárias à Reforma Agrária e o desenvolvimento sem apartheid social” (IDACO, 1994:7). Neste período veio ao Brasil uma delegação da Confederação Francesa Democrática do Trabalho com intuito de participar do processo de organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada em 1983, e estabelecer contatos com o SENGE, dando-se, assim, inicio a uma cooperação entre Brasil e França na promoção de atividades sindicais e do meio rural. Em 1984, alguns dos membros fundadores do IDACO estiveram envolvidos na criação do Centro de Atividades Comunitárias (CAC), cujo objetivo era realizar atividades de educação popular e saúde em São João do Meriti e a Associação de Pedra de Guarativa, no estado do Rio de Janeiro. O CAC, existe até hoje e é considerado como “entidade irmã do IDACO, com trabalhos articulados e apoio mútuo” (IDACO, 1994:8), foi a organização que sediou, em 1987, a primeira experiência piloto do “Chantier” que se realizou em São João do Meriti. O CAC marcou, para seus fundadores, o início de um novo tipo de mobilização social e possibilitou adquirir a experiência necessária para, posteriormente, criar e institucionalizar o IDACO. A cooperação entre Brasil e França continuou crescendo com visitas entre os técnicos dos dois países. Em 1987, Gilles Marechal, representando o Ministério francês da agricultura, visitou áreas de assentamento rural no estado do Rio de Janeiro e em contato com Agostinho Guerreiro, diretor regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) entre 1985-1988, elaborou o projeto de financiamento do primeiro “Chantier rural”, através da parceria com o Instituto Belleville que mantém forte ligação com o setor sindical na França. O projeto Chantier foi o propulsor da criação do IDACO, pois a dificuldade de implementação do PNRA, aprovado em 1985, e a instabilidade das instituições governamentais ligadas à área rural deram inicio à idealização 35

de uma estrutura que pudesse dar seguimento mais estável ao projeto financiado pela França e às ações já iniciadas. “Não bastavam apenas pessoas de boa vontade. Grande parte das iniciativas só existiu e cresceu pela consciência de que era preciso haver uma organização em torno das idéias” (IDACO, 1999:17). Assim, no dia 16 de novembro de 1988, com a presença de 12 membros, realizou-se a Assembléia Geral que iria fundar, oficialmente, IDACO e aprovar seu estatuto. O IDACO constituiu-se judicialmente como uma sociedade civil, sem fins lucrativos reunindo, “personagens com papel de destaque no movimento social, econômico e político, que já atuavam no cenário da resistência ao regime militar e ditatorial durante os 20 anos que dominou o país e buscar soluções de interesse da maioria do povo, o IDACO somou experiências vivas da luta pela democratização, cidadania, repartição de renda, reforma agrária, pelos índios, pelo meio ambiente, igualdade de direitos entre os brasileiros, entre negros e brancos, homens e mulheres. Acresceu, também, a experiência da luta por uma nova ordem mundial, por maior igualdade entre os povos e países” (IDACO, 1991:6). Os objetivos do IDACO, expressos em seu estatuto 12 são: a) Incentivar a promoção das comunidades rurais e urbanas, através de ações participativas; b) estimular a organização e a solidariedade, através de atividades, organismos, associações e cooperativas; c) promover ações de educação, formação, capacitação nas áreas consideradas essenciais para o desenvolvimento; d) elaborar e prover projetos, prestar serviços, assessoria e assistência às comunidades e suas organizações; e) realizar e estimular eventos, encontros, cursos e seminários que instrumentalizem os objetivos propostos; f) apoiar as manifestações da cultura, do saber e das artes populares; g) promover e incentivar pesquisa e experimentação em: - tecnologias adaptadas a cada região e comunidade - sistemas de produção familiar e comunitária - realidade social h) promover trabalhos específicos com crianças, jovens e mulheres; i) estimular o intercâmbio entre comunidades e suas organizações bem como entre elas e instituições públicas ou privadas a nível nacional e internacional; j) estimular e promover a articulação interinstitucional das organizações que atuam como objetivos próximos ou semelhantes; l) publicar e divulgar estudos, resultados, análises e assuntos de interesse (IDACO, 1988). 12 Estatuto do Instituto de Desenvolvimento e Ação Comunitária, foi aprovado pelos seus membros em 16 de dezembro de 1988 e aprovado pelo registro Civil das Pessoas Jurídicas do Rio de Janeiro em 31 de janeiro de 1989. 36

epresentação profissional”. Profissionais comprometidos com o processo <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>mocratização do Brasil assumiram a direção do Clube <strong>de</strong> Engenharia, do<br />

SENGE, e da AEARJ. Alguns dos profissionais ligados a estas organizações<br />

participaram, <strong>em</strong> 1985, da criação do Ministério da Reforma Agrária, mas “logo<br />

ficou claro que este trabalho seria rapidamente interrompido pela ação das<br />

forças contrárias à Reforma Agrária e o <strong>de</strong>senvolvimento s<strong>em</strong> apartheid social”<br />

(IDACO, 1994:7). Neste período veio ao Brasil uma <strong>de</strong>legação da<br />

Confe<strong>de</strong>ração Francesa D<strong>em</strong>ocrática do Trabalho com intuito <strong>de</strong> participar do<br />

processo <strong>de</strong> organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada<br />

<strong>em</strong> 1983, e estabelecer contatos com o SENGE, dando-se, assim, inicio a uma<br />

cooperação entre Brasil e França na promoção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s sindicais e do<br />

meio rural.<br />

Em 1984, alguns dos m<strong>em</strong>bros fundadores do IDACO estiveram<br />

envolvidos na criação do Centro <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Comunitárias (CAC), cujo<br />

objetivo era realizar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação popular e saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> São João do<br />

Meriti e a Associação <strong>de</strong> Pedra <strong>de</strong> Guarativa, no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. O<br />

CAC, existe até hoje e é consi<strong>de</strong>rado como “entida<strong>de</strong> irmã do IDACO, com<br />

trabalhos articulados e apoio mútuo” (IDACO, 1994:8), foi a organização que<br />

sediou, <strong>em</strong> 1987, a primeira experiência piloto do “Chantier” que se realizou <strong>em</strong><br />

São João do Meriti. O CAC marcou, para seus fundadores, o início <strong>de</strong> um novo<br />

tipo <strong>de</strong> mobilização social e possibilitou adquirir a experiência necessária para,<br />

posteriormente, criar e institucionalizar o IDACO.<br />

A cooperação entre Brasil e França continuou crescendo com visitas<br />

entre os técnicos dos dois países. Em 1987, Gilles Marechal, representando o<br />

Ministério francês da agricultura, visitou áreas <strong>de</strong> assentamento rural no estado<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>em</strong> contato com Agostinho Guerreiro, diretor regional do<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma Agrária (INCRA) entre 1985-1988,<br />

elaborou o projeto <strong>de</strong> financiamento do primeiro “Chantier rural”, através da<br />

parceria com o Instituto Belleville que mantém forte ligação com o setor sindical<br />

na França.<br />

O projeto Chantier foi o propulsor da criação do IDACO, pois a<br />

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