Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...
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produtos/serviços e doações individuais. Esta <strong>de</strong>pendência po<strong>de</strong> influenciar a<br />
forma e área <strong>de</strong> atuação das ONGs brasileiras pois os financiadores possu<strong>em</strong><br />
seus próprios objetivos, critérios <strong>de</strong> trabalho e exigências para liberar os<br />
financiamentos. SOGGE (1997:66), ao referir-se às relações e pressões dos<br />
doadores sobre as ONGs, na América Latina, diz: “O Banco Mundial preten<strong>de</strong><br />
claramente que as ONGs sejam contratadas para tarefas <strong>de</strong> serviço social e <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento rural”. Para que possam concorrer aos fundos <strong>de</strong> Agências<br />
Financiadoras Internacionais e, também, aos fundos governamentais, as ONGs<br />
têm procurado adaptar-se aos interesses dos financiadores. Segundo<br />
GRAZIANO DA SILVA (1998:120), as fontes <strong>de</strong> financiamento são cada vez<br />
mais disputadas entre o crescente número <strong>de</strong> ONGs e esse fator t<strong>em</strong><br />
“obrigado a que as ONGs se volt<strong>em</strong> cada vez mais para suas necessida<strong>de</strong>s<br />
internas, obrigando-as muitas vezes a <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>r projetos que nada têm a ver<br />
com suas preocupações fundamentais <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> sua própria sobrevivência".<br />
As ONGs estão envolvidas e comprometidas, também, com as<br />
necessida<strong>de</strong>s e interesses <strong>de</strong> diferentes categorias <strong>de</strong> “público atendido”,<br />
também <strong>de</strong>nominado “público alvo” ou “público atingido” tais como jovens,<br />
menores abandonados, portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências físicas ou doenças, idosos,<br />
produtores rurais, minorias étnicas e outros.<br />
As políticas públicas nacionais e as preocupações <strong>de</strong> âmbito global,<br />
como meio ambiente, cidadania, gênero, discutidas <strong>em</strong> re<strong>de</strong>s e foruns<br />
internacionais e nacionais, são igualmente alvo <strong>de</strong> reflexão e discussões que<br />
serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> subsídio para as ativida<strong>de</strong>s das ONGs .<br />
A atuação das ONGs na promoção do <strong>de</strong>senvolvimento rural é uma<br />
realida<strong>de</strong> há alguns anos e, segundo LANDIM (2000:8), até meados <strong>de</strong> 1980,<br />
44,3% das ONGs atuantes no Brasil trabalhavam com a categoria<br />
“camponeses/produtores rurais”. A presença das ONGs como participantes na<br />
promoção do <strong>de</strong>senvolvimento rural faz parte <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> mudança,<br />
relativamente recente, na concepção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Segundo KISIL<br />
(1997), a partir <strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 1970 o Estado passou a ter uma interferência e<br />
um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão menor nas ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dando abertura<br />
para que a socieda<strong>de</strong> civil, por meio das ONGs, pu<strong>de</strong>sse, junto ao Estado e ao<br />
Mercado, pressionar a incorporação <strong>de</strong> aspetos sociais, culturais e ambientais<br />
no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
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