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Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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eivindicações, quer contra os patrões, quer contra o Estado. O medo da<br />

repressão impedia outras formas <strong>de</strong> manifestação e muitas vezes os sindicatos<br />

acabaram <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhando papel puramente assistencialista. Durante esta<br />

fase, b<strong>em</strong> como durante todo o regime militar, a Igreja esteve presente<br />

apoiando a organização dos camponeses. Para MEDEIROS (1989), a Igreja<br />

Católica, representada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) <strong>em</strong> diversas<br />

regiões do país serviu como canal <strong>de</strong> comunicação institucional para <strong>de</strong>nunciar<br />

violências e injustiças no campo, passando a adquirir “importância na formação<br />

<strong>de</strong> uma consciência nacional <strong>em</strong> relação à probl<strong>em</strong>ática do campo” (i<strong>de</strong>m,<br />

1989:113).<br />

As mudanças econômicas impl<strong>em</strong>entadas pelo regime militar<br />

mostraram, na década <strong>de</strong> 70, os seus efeitos negativos e, se para o<br />

trabalhador urbano elas representaram arrocho salarial, para os trabalhadores<br />

rurais elas representaram o êxodo rural e o aumento do trabalho t<strong>em</strong>porário. O<br />

resultado foi a intensa oposição tanto ao governo, como ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

“A maré oposicionista crescia, culminando, <strong>em</strong> 1978, com as gran<strong>de</strong>s greves<br />

do ABC paulista. A luta pela reposição salarial, as mobilizações pela anistia, as<br />

crescentes <strong>de</strong>núncias sobre conflitos no campo criavam um novo clima” (i<strong>de</strong>m,<br />

1989:86).<br />

MEDEIROS (1989) afirma que quando, <strong>em</strong> 1979, ocorreu o III<br />

Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, o clima <strong>de</strong> contestação era<br />

evi<strong>de</strong>nte. A luta pela reforma agrária continuava sendo a gran<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira do<br />

movimento e constituía-se, agora, não só numa luta por justiça social mas,<br />

também, num marco fundamental para a re<strong>de</strong>mocratização do país:<br />

”Não se po<strong>de</strong> pensar <strong>em</strong> <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong> fato, no Brasil, s<strong>em</strong> que se integre a<br />

massa <strong>de</strong> assalariados, parceiros, arrendatários, posseiros e pequenos<br />

proprietários minifundistas, que constitu<strong>em</strong> a classe dos trabalhadores rurais à<br />

vida do país. E essa integração só se fará através da reforma agrária” (i<strong>de</strong>m,<br />

1989:117).<br />

Durante este Congresso, começavam a ser apontados e questionados<br />

os limites do Estatuto da Terra quanto à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificar a<br />

estrutura fundiária brasileira e promover a reforma agrária. A liberda<strong>de</strong> sindical<br />

e a criação <strong>de</strong> uma central sindical também estavam nas pautas <strong>de</strong> discussão<br />

como forma <strong>de</strong> maior participação dos trabalhadores rurais na mudança do<br />

mo<strong>de</strong>lo político. Com estas manifestações, as organizações rurais juntavam-se<br />

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