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Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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para as negociações diretas com elas. Os discursos dos dirigentes passaram a<br />

apelar para o engajamento <strong>de</strong> todos os trabalhadores nas lutas e atos sindicais<br />

por melhores salários, significando o engajamento uma conscientização da luta<br />

e não mais a aceitação passiva das propostas dos dirigentes. Ao analisar o<br />

discurso <strong>de</strong> Lula 10 <strong>em</strong> 1979, SADER (1988) conclui que, na luta contra a<br />

injustiça e opressão salarial frente aos gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>pregadores, era a dignida<strong>de</strong><br />

dos trabalhadores que estava <strong>em</strong> jogo e a luta não era um enfrentamento<br />

político contra o governo e sim por justiça salarial.<br />

Dirigentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, como Lula, queriam mostrar que as lutas e a<br />

mobilização dos trabalhadores, através <strong>de</strong> diferentes atos e greves, era uma<br />

mostra que o povo sabia, sim, mobilizar-se por causas importantes,<br />

contrariamente ao que era dito nos discursos das autorida<strong>de</strong>s dominantes.<br />

Embora não fosse admitido no discurso, as lutas dos trabalhadores<br />

começavam a extrapolar as questões salariais e começavam a apelar para a<br />

conscientização dos trabalhadores para as condições <strong>de</strong> vida <strong>em</strong> geral.<br />

“Assim, as experiências vividas pelos trabalhadores ganhavam uma dimensão<br />

histórica ao projetar <strong>de</strong>sse modo as insatisfações operárias no plano do<br />

enfrentamento político (ainda que não o i<strong>de</strong>ntificasse como tal ), Lula não só<br />

encarava um <strong>de</strong>sejo social difuso e até então não formulado como ainda abria<br />

um campo s<strong>em</strong>ântico para o encontro entre diversos movimentos que<br />

anunciava a presença sufocada e inquietante dos trabalhadores”<br />

(SADER,1988:193).<br />

No entanto, n<strong>em</strong> todos os segmentos sociais tinham, nessa altura, a<br />

mesma força, legitimida<strong>de</strong> e canais <strong>de</strong> expressão como os trabalhadores<br />

tinham por meio <strong>de</strong> seus sindicatos. Segundo SADER (1988), enquanto os<br />

trabalhadores lutavam, principalmente, na esfera da produção, um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> pequenos movimentos sociais representando interesses <strong>de</strong><br />

segmentos que não se incluíam nas classes trabalhadoras, lutavam,<br />

principalmente, na esfera da reprodução; era o caso das donas <strong>de</strong> casa,<br />

favelados, trabalhadores precários. Estes grupos tinham a<br />

“consciência da falta <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha e pressão na esfera da produção.<br />

Desenvolvendo suas reivindicações na esfera da reprodução, não dispunham<br />

<strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r no nível econômico para sustentar seus movimentos” (i<strong>de</strong>m,<br />

1988:198).<br />

10 Luís Inácio da Silva, o Lula, tomou posse <strong>em</strong> 1975 como presi<strong>de</strong>nte do Sindicato dos<br />

metalúrgicos <strong>de</strong> São Bernardo, S.P.<br />

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