Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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27.08.2013 Views

desenvolvimento era sinônimo de progresso e de melhorias nas condições de vida da população em geral. As descobertas na área da saúde, o acesso à educação, o aumento da produção alimentar e dos bens de consumo manufaturados e industrializados que passaram a ser acessíveis a um crescente número de pessoas indicava um caminho desejável a ser seguido por outras nações. Nações com diferentes situações econômicas, políticas, geográficas, ambientais, com diferentes valores religiosos, éticos, culturais, e com diferentes histórias de dependência e dominação passaram a incorporar aspetos do modelo de desenvolvimento dos países pioneiros. Embora o modelo de desenvolvimento moderno dos países pioneiros como a Inglaterra e os Estados Unidos da América fosse um conjunto de transformações na área econômica, política e social, o modelo que se expandiu, com maior rapidez foi o econômico: o modelo capitalista industrial de produção. Segundo GIDDENS (1991:63), “desde as suas origens o capitalismo é internacional em seu escopo”. A implementação deste modelo econômico resultou em efeitos desejados como o aumento quantitativo e qualitativo da produção no setor primário e secundário mas, também, resultados não desejados como a concentração de renda, êxodo rural, empobrecimento das populações em geral e entre muitos outros aspectos negativos uma crescente degradação ambiental. Segundo análise de ELIAS (1994), agora que o progresso da ciência e da tecnologia, estimulado pelo sistema capitalista de economia é real, e não mais um ideal como era nos anos das luzes, a crença em seus benefícios como forma de melhorar toda a condição humana já não tem a força dos séculos anteriores. A reflexibilidade sobre o modelo de desenvolvimento capitalista industrial, adotado pela maioria dos países, aponta para o fato de que, sendo basicamente econômico, o modelo descuidou das prioridades sociais e negligenciou questões ambientais. A partir dos anos 60 setores organizados da sociedade civil que não estavam satisfeitos com os resultados sociais, econômicos e ecológicos provocados pelo modelo capitalista, começaram a debater e reivindicar, junto aos seus governos, formas alternativas de desenvolvimento que promovessem mais eqüidade, justiça social e sustentabilidade ambiental. 3

No Brasil, o desenvolvimento moderno, baseado no crescimento econômico copiado de modelos internacionais, teve forte impulso durante o regime político autoritário instalado em 1964 , o que favoreceu o surgimento de forças de oposição, não só contra os efeitos negativos do desenvolvimento econômico e social mas, também, contra o regime político vigente. Entre os oponentes a estes regimes (econômico e político) estavam intelectuais que tentavam, através de suas entidades de base, como sindicatos e associações, reformular políticas e ideais para uma nova sociedade mais participativa, menos excludente e mais eqüitativa. O ideal da igualdade e da democracia era a bandeira destas entidades. Muitos destes intelectuais, com experiência acumulada durante as atividades sindicais e tendo participado direta ou indiretamente de diversas organizações sociais foram os mentores de um novo tipo de organização da sociedade civil conhecida, hoje, como Organização Não Governamental (ONG). O termo ONG (Organização Não Governamental) surgiu, pela primeira vez, em 1940, em documentos da Organização das Nações Unidas (ONU) fazendo referência a “um universo extremamente amplo e pouco definido de instituições” (LANDIM, 1993:11) e abrigou, durante anos, inúmeras organizações que, em comum, possuíam apenas o fato de serem Não Governamentais e sem fins lucrativos. Cabiam nesta definição desde organizações recreativas como os clubes de futebol até organizações caritativas ligadas às Igrejas. Na América Latina e, especialmente, no Brasil a trajetória de parte das organizações que, agora, se enquadram no conceito de ONG, teve sua base nos centros populares de educação, promoção e assessoria e atuaram, a partir dos anos 60, ligadas à promoção da educação popular e direitos humanos em oposição aos regimes autoritários. Segundo LANDIM (2000:13), estas entidades pioneiras “surgem mais próximas às igrejas cristãs na sua vertente popular, as que então se ligam fundamentalmente aos movimentos comunitários, de bairros de periferia e sindicais” . A partir da década de 80, com o fim do regime autoritário, a intensificação da cooperação internacional e a implementação de políticas de descentralização do poder público, as ONGs começaram a multiplicar-se e afirmar-se como atores participantes no processo de desenvolvimento, 4

No Brasil, o <strong>de</strong>senvolvimento mo<strong>de</strong>rno, baseado no crescimento<br />

econômico copiado <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los internacionais, teve forte impulso durante o<br />

regime político autoritário instalado <strong>em</strong> 1964 , o que favoreceu o surgimento <strong>de</strong><br />

forças <strong>de</strong> oposição, não só contra os efeitos negativos do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico e social mas, também, contra o regime político vigente.<br />

Entre os oponentes a estes regimes (econômico e político) estavam<br />

intelectuais que tentavam, através <strong>de</strong> suas entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> base, como sindicatos<br />

e associações, reformular políticas e i<strong>de</strong>ais para uma nova socieda<strong>de</strong> mais<br />

participativa, menos exclu<strong>de</strong>nte e mais eqüitativa. O i<strong>de</strong>al da igualda<strong>de</strong> e da<br />

<strong>de</strong>mocracia era a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>stas entida<strong>de</strong>s. Muitos <strong>de</strong>stes intelectuais, com<br />

experiência acumulada durante as ativida<strong>de</strong>s sindicais e tendo participado<br />

direta ou indiretamente <strong>de</strong> diversas organizações sociais foram os mentores <strong>de</strong><br />

um novo tipo <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong> civil conhecida, hoje, como<br />

Organização Não Governamental (ONG).<br />

O termo ONG (Organização Não Governamental) surgiu, pela primeira<br />

vez, <strong>em</strong> 1940, <strong>em</strong> documentos da Organização das Nações Unidas (ONU)<br />

fazendo referência a “um universo extr<strong>em</strong>amente amplo e pouco <strong>de</strong>finido <strong>de</strong><br />

instituições” (LANDIM, 1993:11) e abrigou, durante anos, inúmeras<br />

organizações que, <strong>em</strong> comum, possuíam apenas o fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> Não<br />

Governamentais e s<strong>em</strong> fins lucrativos. Cabiam nesta <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

organizações recreativas como os clubes <strong>de</strong> futebol até organizações<br />

caritativas ligadas às Igrejas.<br />

Na América Latina e, especialmente, no Brasil a trajetória <strong>de</strong> parte das<br />

organizações que, agora, se enquadram no conceito <strong>de</strong> ONG, teve sua base<br />

nos centros populares <strong>de</strong> educação, promoção e assessoria e atuaram, a<br />

partir dos anos 60, ligadas à promoção da educação popular e direitos<br />

humanos <strong>em</strong> oposição aos regimes autoritários. Segundo LANDIM (2000:13),<br />

estas entida<strong>de</strong>s pioneiras “surg<strong>em</strong> mais próximas às igrejas cristãs na sua<br />

vertente popular, as que então se ligam fundamentalmente aos movimentos<br />

comunitários, <strong>de</strong> bairros <strong>de</strong> periferia e sindicais” .<br />

A partir da década <strong>de</strong> 80, com o fim do regime autoritário, a<br />

intensificação da cooperação internacional e a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scentralização do po<strong>de</strong>r público, as ONGs começaram a multiplicar-se e<br />

afirmar-se como atores participantes no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

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