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Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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Ao estudar a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, GIDDENS (1991), afirma que há vários<br />

aspectos e valores que estavam presentes nas socieda<strong>de</strong>s tradicionais e<br />

continuam presentes nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas, como a família ou o trabalho,<br />

mas há outros aspectos que são característicos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> como, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, a “reflexibilida<strong>de</strong>” que é fundamental para as mudanças e avanços<br />

das socieda<strong>de</strong>s. Para GIDDENS e PIERSON (2000:79), nas socieda<strong>de</strong>s<br />

tradicionais “as adversida<strong>de</strong>s que as pessoas pa<strong>de</strong>c<strong>em</strong>, costumam ser vistas<br />

como acaso do <strong>de</strong>stino” e pouco se faz, comparando às socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas,<br />

para <strong>de</strong>scobrir se exist<strong>em</strong> causas racionais <strong>de</strong> tais acontecimentos e sua<br />

possível mudança. Mitos, símbolos, e crenças são perpetuados pelas<br />

comunida<strong>de</strong>s dando significado às suas rotinas e ações e, mesmo quando há<br />

adaptações, à luz <strong>de</strong> novas informações ou situações, o passado é honrado e<br />

valorizado e “na balança do t<strong>em</strong>po o lado passado está muito mais abaixo, pelo<br />

peso, do que o do futuro” (GIDDENS, 1991:31). Enquanto isso, nas socieda<strong>de</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>rnas, a reflexibilida<strong>de</strong> promove o contínuo e radical questionamento e<br />

alterações das praticas sociais, do conhecimento e das certezas.<br />

“A reflexibilida<strong>de</strong> da vida social mo<strong>de</strong>rna consiste no fato <strong>de</strong> que as práticas<br />

sociais são constant<strong>em</strong>ente examinadas e reformadas à luz <strong>de</strong> informação<br />

renovada sobre estas próprias práticas, alterando assim constitutivamente seu<br />

caráter” (i<strong>de</strong>m, 1991:45).<br />

Assim, ao substituir o saber tradicional pela razão reflexiva, a certeza<br />

do conhecimento, contrariamente ao inicialmente suposto, tornou-se mais<br />

incerto do que anteriormente porque ”não po<strong>de</strong>mos nunca estar seguros <strong>de</strong><br />

que qualquer el<strong>em</strong>ento dado <strong>de</strong>ste conhecimento não será revisado” (i<strong>de</strong>m,<br />

1991:46).<br />

Seguindo a esteira da reflexibilida<strong>de</strong>, os caminhos do <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

principalmente no século XX, também são questionados continuamente não só<br />

<strong>em</strong> sua concepção e condução mas, principalmente, <strong>em</strong> seus resultados.<br />

Para ELIAS (1994), o termo <strong>de</strong>senvolvimento, assim como civilização<br />

ou mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, são carregados <strong>de</strong> juízos <strong>de</strong> valor e representam os<br />

processos vividos nos países pioneiros como o único caminho viável para os<br />

<strong>de</strong>mais países. A partir do século XIX, a crescente convicção <strong>de</strong> um futuro<br />

melhor através das mudanças provocadas pela industrialização e por<br />

mudanças sociais e políticas começou, no oci<strong>de</strong>nte, a superar o pessimismo<br />

dos que <strong>de</strong>fendiam interesses mais tradicionais. Havia a certeza que este<br />

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