Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...
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po<strong>de</strong>riam ser industrializados na infra-estrutura já erguida, mesmo que isso<br />
traga menor retorno financeiro.<br />
O IDACO ressalta a solidarieda<strong>de</strong>, também, <strong>em</strong> torno do projeto<br />
Chantier que promove a cooperação entre franceses e brasileiros pois “o<br />
projeto não se resume às obras materiais. A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e<br />
a integração com a realida<strong>de</strong> do agricultor brasileiro têm sido os principais<br />
responsáveis pelo sucesso do projeto” (DEZ..., 1997:4). O IDACO espera que<br />
esta solidarieda<strong>de</strong>, catalisada anualmente com a vinda dos franceses, continue<br />
<strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua partida.<br />
"Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mínimo <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> cooperação,<br />
pois, se quando os franceses for<strong>em</strong> <strong>em</strong>bora o trabalho não continuar - seja<br />
para terminar o produto físico e material do projeto, seja para levar adiante o<br />
processo <strong>de</strong> crescimento/<strong>de</strong>senvolvimento que o Chantier ajudou a criar ou<br />
dinamizar - simplesmente o trabalho se diluirá com muita rapi<strong>de</strong>z, per<strong>de</strong>ndo<br />
todo o efeito sinérgico que a passag<strong>em</strong> do grupo produziu” (IDACO, 1999:19).<br />
Se para os franceses que vêm participar do projeto Chantier o<br />
importante é trocar experiências, receber o calor humano das pessoas simples<br />
dos assentamentos e promover a integração entre pessoas, mesmo que estas<br />
n<strong>em</strong> fal<strong>em</strong> a mesma língua, para o IDACO o objetivo é que as pessoas se<br />
organiz<strong>em</strong> para obter resultados para seu <strong>de</strong>senvolvimento. Em uma entrevista<br />
com um parceiro francês do Chantier, foi possível apreen<strong>de</strong>r que o que os<br />
franceses admiram neste projeto é que no Brasil, a diferença econômica entre<br />
os brasileiros não r<strong>em</strong>ete, necessariamente, à segregação social e que pobres<br />
e ricos, analfabetos e professores universitários po<strong>de</strong>m relacionar-se <strong>de</strong> forma<br />
calorosa e s<strong>em</strong> preconceito, o que na França jamais aconteceria: “Um diretor<br />
<strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa jamais falaria com a faxineira“ (Entrevistas, 2001). Confronta-<br />
se, neste caso, o mundo relacional, que é característico na socieda<strong>de</strong> brasileira<br />
com o mundo individualista dos franceses on<strong>de</strong> os direitos legais, que estão<br />
garantidos a todos, acabaram promovendo restrições às relações pessoais.<br />
Para este entrevistado, são estas relações pessoais, a afetivida<strong>de</strong> e a simpatia<br />
do povo brasileiro que impe<strong>de</strong>m uma crise social, pois s<strong>em</strong>pre é possível<br />
recorrer a uma amigo, ou mesmo a um colega <strong>de</strong> trabalho para ajudar a<br />
resolver algum probl<strong>em</strong>a.<br />
O IDACO espera que o Chantier e a solidarieda<strong>de</strong> que ele promove,<br />
forme a base <strong>de</strong> uma cidadania que cresça <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, interligando o<br />
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