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Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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solidarieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> cooperação é muito precário” (Entrevistas, 2001), que<br />

quanto mais próximo à região metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro mais difícil fica a<br />

solidarieda<strong>de</strong> entre os assentados e mais individualistas vão ficando as<br />

pessoas. Segundo informação colhida <strong>em</strong> algumas entrevistas, isto se <strong>de</strong>ve,<br />

principalmente, ao fato <strong>de</strong> que os assentados que viv<strong>em</strong> perto dos centros<br />

urbanos têm outras formas <strong>de</strong> sustento, como <strong>em</strong>prego ou aposentadoria, e<br />

seu interesse pela produção agrícola é secundário. A solidarieda<strong>de</strong> acontece<br />

mais quando há interesse <strong>em</strong> obter um benefício material individual, “quando<br />

há um ganho individual é altamente marcado por uma presença, (...) há uma<br />

falta <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> engajamento, e <strong>de</strong> preocupação<br />

pela coletivida<strong>de</strong>” (Entrevistas, 2001).<br />

Dentro do projeto Chantier, o mutirão torna-se assim um trabalho <strong>de</strong><br />

esforço conjunto que po<strong>de</strong> vir a dar resultados que benefici<strong>em</strong> parte ou toda a<br />

comunida<strong>de</strong> mas não requer, necessariamente, a existência <strong>de</strong> relações<br />

pessoais, é realizado <strong>em</strong> ocasiões especiais, não representando uma rotina <strong>de</strong><br />

cooperação nos assentamentos. Estimula-se, assim, a solidarieda<strong>de</strong> que já<br />

existe esporadicamente nos assentamentos<br />

“a colaboração na construção <strong>de</strong> uma casa, na colheita, no plantio, eles trocam<br />

muito esse serviço, isso é muito comum (...) mas é tudo muito pontual e muitas<br />

vezes não t<strong>em</strong> <strong>de</strong>sdobramentos, eles podiam trabalhar também esse<br />

sentimento <strong>de</strong> cooperação <strong>em</strong> prol mesmo <strong>de</strong> influenciar seus instrumentos<br />

locais <strong>de</strong> políticas públicas, isso é o que a gente está tentando (Entrevistas,<br />

2001).<br />

O IDACO consi<strong>de</strong>ra que o trabalho solidário é muito importante para a<br />

união do assentamento e para a conquista da cidadania pois se todos<br />

trabalham <strong>em</strong> conjunto, se todos lutam por causas comuns a comunida<strong>de</strong><br />

inteira sairá ganhando. As agroindústrias, a casa da farinha, as estufas para<br />

produção <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ente e outras ativida<strong>de</strong>s foram construídas <strong>em</strong> forma <strong>de</strong><br />

mutirão. No entanto, uma vez construídas, n<strong>em</strong> todas as instalações foram<br />

aproveitadas a<strong>de</strong>quadamente pela comunida<strong>de</strong>, e o caso da agro industria <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> doces caseiros até hoje não conseguiu organizar-se para seu<br />

funcionamento e gestão. Sob a coor<strong>de</strong>nação do IDACO, foi fácil juntar pessoas<br />

para construir, mas não está sendo fácil reunir pessoas que queiram dividir<br />

tarefas, assumir responsabilida<strong>de</strong>s e gerir, <strong>de</strong> forma igualitária, a indústria.<br />

Desse modo as famílias continuam produzindo <strong>em</strong> suas casas os doces que<br />

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