Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...
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A hierarquia é interpretada pelos técnicos do IDACO como algo que<br />
r<strong>em</strong>ete ao totalitarismo, ditadura, principalmente por parte dos dirigentes das<br />
organizações locais e que, portanto <strong>de</strong>ve ser rejeitada.<br />
“T<strong>em</strong> li<strong>de</strong>rança que a gente não consi<strong>de</strong>ra li<strong>de</strong>rança, consi<strong>de</strong>ra ditador (...) não<br />
t<strong>em</strong> muito uma hierarquia (...) Isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da pessoa, não precisa ser<br />
li<strong>de</strong>rança mas que seja mais espertinha essa pessoa se torna li<strong>de</strong>rança e se<br />
torna ditador” (Entrevistas, 2001).<br />
O IDACO consi<strong>de</strong>ra que quanto mais pessoas informadas, esclarecidas<br />
houver no assentamento menor serão as chances <strong>de</strong> algum “espertinho” se<br />
tornar ditador, daí a necessida<strong>de</strong> do trabalho <strong>de</strong> educação.<br />
Fazendo referência ao po<strong>de</strong>r local, o IDACO acredita que este seja o<br />
local certo para o trabalho <strong>de</strong> educação e transformação pois “a atual cultura<br />
faz do po<strong>de</strong>r local, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte das vezes, uma fonte <strong>de</strong> mecanismos<br />
ditatoriais, autoritários e clientelistas” (GUERREIRO, 2000:3). Mais uma vez<br />
acredita que educando seu público po<strong>de</strong>r-se-á evitar a sujeição à ditadura ou<br />
ao paternalismo, tornando-se agente <strong>de</strong> seus próprio <strong>de</strong>stino.<br />
Na educação para exercício da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos pouca referência<br />
é feita às relações familiares e pessoais, exceção encontrada apenas no<br />
projeto <strong>de</strong> educação do <strong>Programa</strong> da Comunida<strong>de</strong> Solidária, <strong>em</strong> que os valores<br />
das relações familiares, a participação e a auto estima dos jovens são<br />
discutidos.<br />
Para um dos fundadores do IDACO, que não t<strong>em</strong> atuação no dia-a-dia<br />
organizacional e executivo da ONG, é importante refletir sobre a idéia geral <strong>de</strong><br />
que “trabalhando todos po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os ser Sílvio Santos”, um hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> sucesso<br />
financeiro e prestígio nacional. Na realida<strong>de</strong> estas oportunida<strong>de</strong>s não são tão<br />
iguais e o fato <strong>de</strong> haver poucos “Sílvio Santos” ou “Romários” <strong>de</strong>ve ser<br />
<strong>de</strong>batida com mais serieda<strong>de</strong> procurando o conjunto das causas <strong>de</strong>stas<br />
diferenças, não só as econômicas. Para o entrevistado, mesmo que as leis<br />
igualitárias existam no papel, a dificulda<strong>de</strong> ou facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a estes<br />
direitos, as capacida<strong>de</strong>s e interesses individuais, as influências e as re<strong>de</strong>s<br />
sociais são fatores <strong>de</strong>terminantes no “sucesso” individual. Para o entrevistado,<br />
a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações pessoais po<strong>de</strong>, ainda, ter muita influência na ascensão<br />
sócio-econômica do cidadão brasileiro.<br />
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