Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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27.08.2013 Views

5.1. Os projetos de desenvolvimento Os projetos são a forma final através da qual as idéias do IDACO, inicialmente discutidas e planejadas, acabam sendo financiadas, implementadas e avaliadas. Os resultados dos projetos são identificados e quantificados através de indicadores preestabelecidos e representam, quase sempre, resultados quantitativos como aumento da produção, da comercialização, de mudas plantadas, de crédito disponibilizado, da renda familiar e indicam mudanças econômicas e materiais mensuráveis. Estes indicadores apontam, no entanto, apenas parte dos resultados esperados. Outros, como a cidadania, a democracia e a força da mobilização social, são difíceis de avaliar, mas constituem os princípios de atuação do IDACO na construção de uma sociedade mais justa e menos excludente, como podemos ver na fala de um de seus funcionários. “Claro que melhoria de vida passa por aumento de renda sim, mas também tem que haver aumento na participação na sociedade, serem reconhecidos como cidadãos (...) você caminha em duas pernas, a perna mais econômica e uma perna mais ideológica” (Entrevistas, 2001). Analisando os documentos produzidos e disponibilizados pelo IDACO e as entrevistas realizadas foi possível identificar algumas “linhas filosóficas” que guiam a ideologia de desenvolvimento do IDACO, quais sejam, democracia, cidadania, solidariedade e sustentabilidade e que, juntamente com aspetos econômicos, formam a base sobre a qual o IDACO sustenta a esperança de uma “sociedade mais justa”. “A gente sempre trabalha com essas grandes linhas filosóficas que é o fortalecimento da democracia, da cidadania, fortalecimento das organizações comunitárias (...) e também a componente econômica, a auto-sustentabilidade (...). Então os projetos trazem embutidos esses conceitos, as atividades são definidas de forma que elas possam suprir, atender estas linhas filosóficas” (Entrevistas, 2001). A formação técnica agronômica de parte de seus fundadores e a luta pela democracia, contra o regime militar, formaram, em 1988, a base de trabalho do IDACO. Em termos objetivos, para geração de renda e emprego, e subjetivos para o despertar da força e do poder transformador da cidadania plena. 87

5.2. Desenvolvimento como forma de alcançar melhores condições de vida e cidadania A opção de lutar pela reforma agrária e trabalhar em assentamentos rurais veio da experiência de trabalho de vários de seus membros fundadores que, sendo engenheiros agrônomos participaram de forma direta na realidade rural do estado do Rio de Janeiro. Deste trabalho prático veio a convicção de que a Reforma Agrária é o melhor caminho para impedir o êxodo rural e contribuir para que milhares de famílias das áreas rurais consigam seu sustento, vivam com dignidade, exerçam a cidadania e contribuam para o fortalecimento da democracia. “O Brasil precisa da reforma agrária para acabar com o desemprego, a pobreza absoluta e adotar um modelo de desenvolvimento verdadeiramente democrático, com cidadania e alimentos para todos” (IDACO, 1994:2). Deste modo, o acesso à terra, através da reforma agrária, e todos os aspetos técnicos ligados ao incentivo da agricultura familiar como o crédito, a introdução de novas técnicas agropecuárias, o aumento da produção, da comercialização e das receitas são instrumentos através dos quais o IDACO espera que os produtores rurais melhorem sua condições de vida e exerçam a cidadania. A expressão “melhoria das condições de vida” e “cidadania” passam por diferentes interpretações dentro do IDACO, não havendo uma definição oficial do IDACO mas, sim, diferentes interpretações de seus membros e funcionários. Nas entrevistas, foi possível verificar que “melhorias de condições de vida” representam desde a idéia geral de “felicidade do produtor” até o direito básico à alimentação, o aumento das receitas individuais e coletivas, o acesso a bens de consumo. A cidadania inclui a conscientização da necessidade de organização social, o conhecimento de seus direitos e deveres enquanto cidadão brasileiro, a sua atuação como sujeito de mudança da sua realidade. Estes dois pontos, “cidadania” e “melhoria das condições de vida”, estão, na concepção dos funcionários e nos documentos do IDACO, intimamente articulados. “O pessoal que está passando fome no campo ou na cidade, a partir de um certo limite, quando a carência é muito grande, perde a capacidade de reagir e se distancia de sua consciência de cidadão” (MOREIRA, s.d.:4). 88

5.2. Desenvolvimento como forma <strong>de</strong> alcançar melhores condições <strong>de</strong> vida<br />

e cidadania<br />

A opção <strong>de</strong> lutar pela reforma agrária e trabalhar <strong>em</strong> assentamentos<br />

rurais veio da experiência <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> vários <strong>de</strong> seus m<strong>em</strong>bros fundadores<br />

que, sendo engenheiros agrônomos participaram <strong>de</strong> forma direta na realida<strong>de</strong><br />

rural do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Deste trabalho prático veio a convicção <strong>de</strong><br />

que a Reforma Agrária é o melhor caminho para impedir o êxodo rural e<br />

contribuir para que milhares <strong>de</strong> famílias das áreas rurais consigam seu<br />

sustento, vivam com dignida<strong>de</strong>, exerçam a cidadania e contribuam para o<br />

fortalecimento da <strong>de</strong>mocracia.<br />

“O Brasil precisa da reforma agrária para acabar com o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, a pobreza<br />

absoluta e adotar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento verda<strong>de</strong>iramente<br />

<strong>de</strong>mocrático, com cidadania e alimentos para todos” (IDACO, 1994:2).<br />

Deste modo, o acesso à terra, através da reforma agrária, e todos os<br />

aspetos técnicos ligados ao incentivo da agricultura familiar como o crédito, a<br />

introdução <strong>de</strong> novas técnicas agropecuárias, o aumento da produção, da<br />

comercialização e das receitas são instrumentos através dos quais o IDACO<br />

espera que os produtores rurais melhor<strong>em</strong> sua condições <strong>de</strong> vida e exerçam a<br />

cidadania.<br />

A expressão “melhoria das condições <strong>de</strong> vida” e “cidadania” passam<br />

por diferentes interpretações <strong>de</strong>ntro do IDACO, não havendo uma <strong>de</strong>finição<br />

oficial do IDACO mas, sim, diferentes interpretações <strong>de</strong> seus m<strong>em</strong>bros e<br />

funcionários. Nas entrevistas, foi possível verificar que “melhorias <strong>de</strong> condições<br />

<strong>de</strong> vida” representam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a idéia geral <strong>de</strong> “felicida<strong>de</strong> do produtor” até o<br />

direito básico à alimentação, o aumento das receitas individuais e coletivas, o<br />

acesso a bens <strong>de</strong> consumo. A cidadania inclui a conscientização da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização social, o conhecimento <strong>de</strong> seus direitos e <strong>de</strong>veres<br />

enquanto cidadão brasileiro, a sua atuação como sujeito <strong>de</strong> mudança da sua<br />

realida<strong>de</strong>. Estes dois pontos, “cidadania” e “melhoria das condições <strong>de</strong> vida”,<br />

estão, na concepção dos funcionários e nos documentos do IDACO,<br />

intimamente articulados.<br />

“O pessoal que está passando fome no campo ou na cida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> um<br />

certo limite, quando a carência é muito gran<strong>de</strong>, per<strong>de</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reagir e<br />

se distancia <strong>de</strong> sua consciência <strong>de</strong> cidadão” (MOREIRA, s.d.:4).<br />

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