Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
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ONDE PASTAR? O GADO BOVINO NO BRASIL<br />
venda para o bloco é proibida. Também em casos como este, a aquisição por<br />
frigoríficos brasileiros de companhias situadas no exterior facilita muito o acesso<br />
ao mercado europeu.<br />
<strong>No</strong> caso das barreiras comerciais, a internacionalização das indústrias<br />
frigoríficas brasileiras tem o objetivo, também, de evitar as barreiras impostas<br />
pelos países desenvolvidos a seus produtos. Adquirindo plantas no interior destes<br />
países, têm vantagens que vão além do acesso aos seus mercados consumidores.<br />
Passam a usufruir, também, das facilidades de exportação criadas pelos diversos<br />
acordos de livre comércio que os Estados Unidos e a União Européia vêm firmando<br />
pelos quatro cantos do mundo.<br />
COMER PARA NÃO SER COMIDO<br />
Peculiaridades de cada segmento à parte, a estratégia comum a esses grupos é a<br />
de fortalecer sua marca no mercado internacional. “Quem quer crescer tem que<br />
seguir este caminho, uma vez que na economia atual ou se é presa ou predador”,<br />
avalia José Vicente Ferraz, analista da empresa de consultoria AgraFNP. O analista<br />
acredita que os principais ativos das companhias modernas são suas marcas, e<br />
que para consolidá-las é necessário estar em tantos lugares quanto seja possível.<br />
Em 2006, pela primeira vez no <strong>Brasil</strong>, uma empresa fez uma oferta pública<br />
para a compra de outra. Através desta chamada “oferta agressiva”, a Sadia tentava<br />
adquirir a Perdigão. O objetivo era o de competir no exterior com gigantes do setor<br />
de aves e suínos industrializados, como a americana Tyson Foods, que até hoje<br />
ameaça chegar ao <strong>Brasil</strong>. Nas palavras do próprio presidente da Sadia, tratava-se<br />
de uma atitude de auto-defesa: a empresa vinha recebendo informações de que a<br />
Tyson, justamente, tentaria a aquisição da Sadia, então a maior processadora de<br />
frangos do <strong>Brasil</strong>.<br />
Em 2008, a crise financeira global acabou por revelar equívocos na estratégia<br />
financeira da Sadia. A empresa aplicava somas elevadas no mercado de<br />
derivativos de câmbio, apostando alto na valorização do real. Com a crise, a taxa<br />
de câmbio mudou seu rumo, trazendo enormes prejuízos à Sadia. Com isto, inverteu-se<br />
o jogo, mas não suas regras: foi a Perdigão que terminou por adquirir a<br />
Sadia. A <strong>Brasil</strong> Foods, resultante da fusão das duas empresas em maio de 2009,<br />
tem participação acionária de 68% da Perdigão e 32% da Sadia.<br />
Comer para não ser comido, eis a lógica atual das grandes empresas, em<br />
todos os setores da economia global. Ser o maior dos tubarões, para não caber na<br />
boca dos demais. É esse o comportamento predador das empresas que produzem,<br />
hoje, os alimentos que comemos.<br />
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