Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
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ONDE PASTAR? O GADO BOVINO NO BRASIL<br />
de alguns grupos brasileiros de investir no Caribe é uma maneira de driblar os<br />
altos impostos incidentes sobre as exportações para o mercado dos EUA. Como os<br />
americanos não taxam as compras originárias do Caribe, os produtores brasileiros<br />
resolveram associar-se às empresas locais para usufruir dessa vantagem. Foi assim<br />
que a Coimex Trading implantou em 2004 uma planta industrial na Jamaica, em<br />
parceria com a Petrojam. Na ocasião, os investimentos foram de US$ 12 milhões,<br />
para a produção de 180 milhões de litros de álcool por ano. Agora as duas companhias<br />
estudam a duplicação da capacidade da fábrica.<br />
O APOIO DECISIVO DO GOVERNO BRASILEIRO<br />
Como informa o Repórter <strong>Brasil</strong>, a participação do BNDES, instituição federal, nas<br />
aquisições da JBS deixa transparecer a contradição – tanto do lado econômico<br />
como na vertente social e ambiental – entre as opções financeiras e o slogan que a<br />
instituição estatal ostenta: “o banco do desenvolvimento de todos os brasileiros”. 62<br />
Em declarações à imprensa, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, classificou<br />
a intervenção como um exemplo da nova política industrial que o governo<br />
federal pretendia adotar no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,<br />
fundada no incentivo à internacionalização de empresas de “setores competitivos”.<br />
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, também<br />
ouvido pelo Repórter <strong>Brasil</strong>, destacou alguns segmentos que se encaixariam<br />
nessa categoria, como os próprios frigoríficos, as siderúrgicas e a produção de<br />
commodities agrícolas.<br />
Analisando os aspectos econômicos e sociais desta política industrial, João<br />
Sicsú, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que os setores<br />
extrativista, mineral e agropecuário são concentrados e concentradores de renda<br />
não por causa das empresas que deles fazem parte, mas por conta do modelo<br />
primário, marcado pela utilização de mão-de-obra desqualificada e pela distância<br />
maior entre trabalhadores e proprietários.<br />
Diversas ONGs brasileiras têm participado de encontros com o BNDES para<br />
tratar desses temas. Neles, os representantes da sociedade civil insistem para que<br />
o banco dê maior transparência aos critérios sociais e ambientais que têm sido<br />
aplicados para a concessão de empréstimos e para que setores mais poluidores<br />
não sejam favorecidos.<br />
A assessoria de imprensa do BNDES afirma que o banco definiu uma política<br />
ambiental que vem sendo aplicada desde 2004 e só aprova financiamentos e<br />
participações depois de avaliar aspectos ambientais. Os critérios, adiciona a assessoria,<br />
são públicos. Porém, são aplicados estritamente aos empreendimentos e<br />
62 Maurício Hashizume. Investimento em frigorífico acende debate sobre atuação do BNDES. 06/07/07.<br />
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