Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ONDE PASTAR? O GADO BOVINO NO BRASIL<br />
A internacionalização da indústria frigorífica brasileira beneficiou-se de dois<br />
fatores: o primeiro foi a forte valorização do real, que tornou os ativos no exterior<br />
mais baratos; e o segundo foi o incentivo do BNDES à internacionalização da<br />
indústria brasileira, mediante financiamentos e participação acionária. O BNDES,<br />
por sua vez, adotou esta estratégia de financiamento dos frigoríficos para evitar<br />
a desnacionalização do setor, já que as maiores empresas mundiais de carnes<br />
planejavam a compra dos frigoríficos brasileiros.<br />
Essa estratégia flexibilizou as operações das empresas brasileiras e permitiu<br />
que tivessem acesso a mercados tradicionalmente fechados, como os dos Estados<br />
Unidos, Japão e Coréia do Sul. Caso não seja possível exportar a partir de um país,<br />
exporta-se a partir de outro, evitando a descontinuidade do fornecimento.<br />
De acordo com Pratini de Moraes, presidente da Abiec, as empresas brasileiras<br />
instaladas no território nacional e no exterior têm um potencial de exportação<br />
de 52% das 7,5 milhões de toneladas comercializadas anualmente nos<br />
mercados globais. Além disso, detêm 10% do mercado mundial de carne bovina,<br />
o que inclui o volume comercializado no âmbito doméstico dos diversos países.<br />
O <strong>Brasil</strong> já respondia, em 2007, por 23% das exportações mundiais de carne<br />
bovina, seguido de longe pela Austrália, que tinha 19% das vendas externas. 52<br />
Sozinha, a JBS fez nove aquisições no exterior em 2007 – entre elas a americana<br />
Swift – e anunciou, em 2008, a compra de três outras empresas: duas americanas<br />
(National Beef53 e Smithfield Beef ) e uma australiana (Tasman). O Marfrig<br />
também fez nove aquisições em 2007, enquanto o Bertin fez duas desde 2006.<br />
A internacionalização foi uma saída encontrada pelo setor também para<br />
driblar barreiras, tanto comerciais quanto sanitárias, que afetam suas exportações<br />
a partir do <strong>Brasil</strong>. Um exemplo são as recentes restrições da União Europeia à<br />
carne bovina brasileira, depois que o bloco apontou falhas no sistema de rastreabilidade<br />
do gado no país, posteriormente reconhecidas pelo próprio governo<br />
federal. Outras razões para as aquisições de frigoríficos no exterior por parte de<br />
empresas brasileiras são analisadas a seguir. Para isto, focalizaremos, por suas<br />
dimensões, o caso da JBS-Friboi.<br />
A HISTÓRIA DA JBS-FRIBOI<br />
Maior produtora e exportadora mundial de carne bovina, a JBS-Friboi é uma<br />
empresa relativamente nova. Sua história começa com José Batista Sobrinho, o Zé<br />
Mineiro, pai dos três atuais diretores do grupo. Seu Zé Mineiro era no início um<br />
52 Alda do Amaral Rocha. Frigoríficos do país já dominam exportações. Valor Econômico, 14/03/08.<br />
53 Em 2009, a JBS desistiu da aquisição da norte-americana National Beef, por não encontrar “condições<br />
satisfatórias” diante de um processo judicial nos Estados Unidos que tentava bloquear o negócio por<br />
motivos concorrenciais, segundo a Reuters. JBS desiste da National Beef e tem prejuízo no 4º tri. 22/09/09.<br />
82