Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
ONDE PASTAR? O GADO BOVINO NO BRASIL Avançando sobre áreas antes destinadas à agricultura, a pecuária explica, em grande parcela, a elevada migração das populações do campo para outras áreas rurais ou para as cidades. Observa-se na tabela abaixo que, em 2006, a pecuária, ocupando quase a metade da área total dos estabelecimentos agropecuários, respondia por apenas 17,9% do pessoal ocupado nestas atividades, enquanto a agricultura, ocupando 21,6% desta área total, empregava quase dois terços do total de pessoal. Note-se que os dados sobre a pecuária incluem também a criação de outros animais, já que o Censo Agropecuário de 2006 não apresenta informação específica quanto à pecuária bovina. Percentual da área total dos estabelecimentos ocupados com lavouras e pastagens e do pessoal ocupado nestas atividades – Brasil, 2006 Percentual da Percentual do Atividades área total (ha) pessoal ocupado Lavouras (1) 21,6 63,9 Pastagens (2) 48,6 17,9 Outras 29,8 18,2 Total 100 100 (1) Lavouras permanentes, temporárias e cultivo de flores, inclusive hidroponia e plasticultura, viveiros de mudas, estufas de plantas e casas de vegetação e forrageiras para corte. (2) Pastagens naturais, plantadas (degradadas e em boas condições). Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (Censo de 2006) e MDA:DIEESE (2008), baseado na PNAD de 2006. O número de empregados com carteira assinada na pecuária é também reduzido. A atividade gerava 440 mil postos de trabalho em 2006, conforme estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) a partir de informações da base de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MDA:DIEESE, 2008). Destes, 188,6 mil, quase 43% do total, estavam concentrados na região Sudeste, que respondia, naquele ano, por somente 19% do total do rebanho bovino brasileiro, de acordo com o banco de dados Sidra, do IBGE. IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL Os maiores impactos sociais decorrentes do modelo de criação de gado bovino vigente são, seguramente, aqueles consequentes do aquecimento global provocado pelo desmatamento e pelo próprio rebanho bovino. Segundo a Embrapa (2008), a produção de alimentos, no Brasil e em outros países, pode ser bastante impactada pelo aquecimento. 78
IMPACTOS SOCIAIS “As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol sofrerão forte redução na região Nordeste, com perda significativa da produção. Toda a área correspondente ao Agreste nordestino, hoje responsável pela maior parte da produção regional de milho, e a região dos cerrados nordestinos – sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia – serão as mais atingidas. Soja e café devem liderar as perdas.” “Em todo o mundo, o aquecimento trará vantagem somente para a agricultura praticada nas regiões de alta latitude. O derretimento das geleiras do Himalaia, por exemplo, vai prejudicar o suprimento de água para China e Índia, comprometendo sua agricultura e provocando a fome daquelas populações. O mesmo deve ocorrer em países africanos, que dependem da agricultura irrigada pelas chuvas. No continente africano, a perda de produção agrícola pode chegar a 50% em 2020. O IPCC estima que os trópicos terão com o aquecimento uma redução das chuvas e um encolhimento das terras agriculturáveis. Mesmo uma pequena elevação na temperatura (de 1°C a 2°C) pode reduzir a produtividade das culturas, estimou o painel, o que aumentaria o risco de fome. O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2007/2008 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) projetou um aumento de 600 milhões no número de subnutridos até 2080. Já hoje algumas mudanças vêm sendo sentidas em todo o mundo, como o maior número de quebras de safras e a morte de gado, lembra o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2008, do Banco Mundial. Para a América Latina, o IPCC estima uma aridificação do Semi-árido e a savanização do leste da Amazônia. Para a agricultura, é prevista uma perda da produtividade de várias culturas, o que deve trazer consequências para a segurança alimentar.” (Embrapa e Unicamp, 2008) TRABALHO ESCRAVO No “Portal do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo” pode-se consultar a versão atualizada da chamada “Lista Suja”, relacionando as pessoas físicas e jurídicas flagradas na prática de utilização de trabalho escravo. Seguindo os critérios de entrada e saída da Lista, esta contava com 170 estabelecimentos rurais, em consulta por nós realizada no dia 23 de setembro de 2009. 49 Destes, estavam identificados os ramos de atividade de 144 fazendas, sendo que 86, ou cerca de 60% delas, tinham como atividade principal a pecuária bovina. 49 A lista está acessível em http://www.reporterbrasil.com.br/listasuja/resultado.php. 79
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Avançando sobre áreas antes destinadas à agricultura, a pecuária explica,<br />
em grande parcela, a elevada migração das populações do campo para outras<br />
áreas rurais ou para as cidades. Observa-se na tabela abaixo que, em 2006, a<br />
pecuária, ocupando quase a metade da área total dos estabelecimentos<br />
agropecuários, respondia por apenas 17,9% do pessoal ocupado nestas atividades,<br />
enquanto a agricultura, ocupando 21,6% desta área total, empregava quase<br />
dois terços do total de pessoal. <strong>No</strong>te-se que os dados sobre a pecuária incluem<br />
também a criação de outros animais, já que o Censo Agropecuário de 2006 não<br />
apresenta informação específica quanto à pecuária bovina.<br />
Percentual da área total dos estabelecimentos<br />
ocupados com lavouras e pastagens e do pessoal<br />
ocupado nestas atividades – <strong>Brasil</strong>, 2006<br />
Percentual da Percentual do<br />
Atividades área total (ha) pessoal ocupado<br />
Lavouras (1) 21,6 63,9<br />
Pastagens (2) 48,6 17,9<br />
Outras 29,8 18,2<br />
Total 100 100<br />
(1) Lavouras permanentes, temporárias e cultivo de flores, inclusive hidroponia<br />
e plasticultura, viveiros de mudas, estufas de plantas e casas de vegetação<br />
e forrageiras para corte.<br />
(2) Pastagens naturais, plantadas (degradadas e em boas condições).<br />
Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (Censo de 2006) e MDA:DIEESE (2008),<br />
baseado na PNAD de 2006.<br />
O número de empregados com carteira assinada na pecuária é também<br />
reduzido. A atividade gerava 440 mil postos de trabalho em 2006, conforme<br />
estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos<br />
(DIEESE) a partir de informações da base de dados do Ministério do<br />
Trabalho e Emprego (MDA:DIEESE, 2008). Destes, 188,6 mil, quase 43% do<br />
total, estavam concentrados na região Sudeste, que respondia, naquele ano,<br />
por somente 19% do total do rebanho bovino brasileiro, de acordo com o banco<br />
de dados Sidra, do IBGE.<br />
IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL<br />
Os maiores impactos sociais decorrentes do modelo de criação de gado bovino<br />
vigente são, seguramente, aqueles consequentes do aquecimento global provocado<br />
pelo desmatamento e pelo próprio rebanho bovino. Segundo a Embrapa<br />
(2008), a produção de alimentos, no <strong>Brasil</strong> e em outros países, pode ser bastante<br />
impactada pelo aquecimento.<br />
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