Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
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IMPACTOS AMBIENTAIS<br />
“<strong>No</strong> <strong>Brasil</strong> não existe até o momento nenhum estudo conclusivo quanto a<br />
quantidade e distribuição dos solos degradados em escala nacional. É importante<br />
ressaltar, que independente da ausência de avaliações exatas a<br />
respeito da extensão de áreas degradadas no <strong>Brasil</strong>, todas as estimativas<br />
apontam o desmatamento e as atividades agropecuárias como os principais<br />
fatores de degradação dos nossos solos.” (Embrapa, 2008)<br />
Ainda segundo a Embrapa (2008), o Programa das Nações Unidas para o<br />
Meio Ambiente (PNUD), através do GLSOD (Global Assessment of Soil Degradation<br />
– Projeto de Avaliação Mundial da Degradação do Solo), registrou que<br />
15% dos solos do planeta (aproximadamente 20 bilhões de ha), uma área equivalente<br />
à dos Estados Unidos e do Canadá juntos, estão classificados como degradados<br />
ou em processo de degradação, devido às atividades humanas. A maioria<br />
destes solos está nos países menos desenvolvidos. O GLSOD estima que, na<br />
América Central e Caribe, o mau uso de produtos químicos e erosão degradaram<br />
300 milhões de hectares.<br />
O estudo aponta também que os três principais fatores responsáveis pela<br />
degradação, em nível mundial, estão diretamente relacionados aos padrões de<br />
produção agropecuária empregados:<br />
1) Desmatamento ou remoção da vegetação natural para fins de agricultura,<br />
florestas comerciais, construção de estradas e urbanização (29,4%);<br />
2) Superpastejo da vegetação (34,5%);<br />
3) Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como<br />
o uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação<br />
de baixa qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de<br />
práticas conservacionistas de solo (28,1%). (Embrapa, 2008)<br />
Ao longo dos séculos, a pecuária nacional valeu-se da fertilidade natural e<br />
do teor de matéria orgânica dos solos recém-desmatados para implantar espécies<br />
forrageiras de alto potencial produtivo e consequentemente com altos requerimentos<br />
em fertilidade do solo, como o capim-colonião. Nas décadas mais<br />
recentes, com a exaustão dessa fertilidade, os produtores iniciaram trocas sucessivas<br />
de espécies forrageiras por outras menos exigentes em fertilidade, e consequentemente<br />
com menor produtividade, até o ponto em que mesmo essas<br />
espécies menos exigentes, como o capim-braquiária, não conseguem sobreviver.<br />
(Oliveira e Corsi, 2005)<br />
<strong>No</strong> decorrer deste caminho de queda da fertilidade dos solos, o pecuarista<br />
sente necessidade de diminuir a lotação animal da área. Entretanto, como não<br />
dispõe do conhecimento técnico necessário, acaba incorrendo em sérios erros de<br />
manejo da planta forrageira, abusando da frequência e da intensidade de pastejos,<br />
utilizando superpastejo. Quando a atividade atinge esse estágio, as pastagens<br />
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