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Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll

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IMPACTOS AMBIENTAIS<br />

A EXPANSÃO RECENTE DA CANA SOBRE<br />

O GADO BOVINO<br />

<strong>No</strong>s anos recentes, a história da cana-de-açúcar e a do gado bovino tornam a se<br />

encontrar. Desta vez não é a produção de açúcar, mas a do etanol, que explica o<br />

fato. Uma vez mais, como nos anos 1500, a expansão dos canaviais desloca a<br />

criação do gado para regiões mais distantes. A forte valorização das terras<br />

provocada pela demanda crescente por etanol, sobretudo no estado de São Paulo,<br />

mas também na região Centro-Oeste, vai empurrando o gado em direção à Amazônia.<br />

A criação de bovinos não é mais, como em seus primeiros tempos no <strong>Brasil</strong>,<br />

atividade subsidiária, de mero apoio à produção da cana-de-açúcar. Os pecuaristas<br />

estão indo para regiões onde a terra é mais barata e a cana-de-açúcar, assim<br />

como os grãos, ainda não chegou.<br />

Na região de Araçatuba, em São Paulo, que já foi conhecida como “a capital<br />

nacional do boi gordo”, o próprio presidente do sindicato dos pecuaristas, Alfredo<br />

Neves Filho, trocou a criação de gado bovino pelo plantio de cana, que classifica<br />

de “salvação” para sua categoria.<br />

Maurício Lima Verde, presidente do Sindicato Rural de Bauru e vice-presidente<br />

da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, explica que os pecuaristas<br />

do estado têm optado por arrendar suas áreas para as usinas ou plantar<br />

diretamente a cana-de-açúcar em função da rentabilidade até três vezes maior.<br />

Outro fator seria a estabilidade oferecida pelos contratos de arrendamento: através<br />

destes, as usinas comprometem-se a adquirir toda a produção pelo tempo de<br />

vida da planta, que é de cinco ou seis anos. 42<br />

Para Paulo Cavasin, engenheiro agrônomo do Escritório de Desenvolvimento<br />

Regional Agrícola de Araraquara, “<strong>Onde</strong> tinha vaca hoje tem um mar de cana e<br />

isso acontecerá também com outras culturas. O estado perdeu grandes bacias<br />

leiteiras para a cana-de-açúcar. Os pecuaristas saíram de São Paulo e foram para<br />

outros estados, como Goiás e Paraná. Quem perdeu foram os consumidores.”<br />

Em São Carlos, onde, segundo Hélio das Neves, da Federação dos Empregados<br />

Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), entrevistado pessoalmente,<br />

existiam grandes produtores, hoje são poucos os que continuam na atividade.<br />

“Em Dourado, na década de 60, eram produzidos mais de 60 mil litros de<br />

leite por dia. A partir da cana, isso foi diminuindo, passou para 12 mil litros por<br />

dia e hoje, se a produção chegar a mil litros por dia, já é muito.”<br />

Todas as grandes fazendas de leite, sem exceção, que produziam cerca de<br />

10 mil litros por dia, migraram para a cana. A troca foi muito vantajosa para a<br />

cultura sucroalcooleira, porque a cana tomou o espaço de grandes pastos, terras<br />

42 Cana e desânimo puxam preço do bezerro em SP. Pecuária.com.br, 24/05/07.<br />

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