Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Onde Pastar? O Gado Bovino No Brasil - Fundação Heinrich Böll
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
TENDÊNCIAS<br />
O GADO NO BRASIL, HOJE<br />
Projeções da consultoria AgraFNP (2009) indicam que o rebanho bovino brasileiro<br />
será de 183 milhões de cabeças em 2017, representando aumento de 7,8%<br />
em relação ao número atual, estimado em 169,7 milhões de cabeças. Segundo a<br />
consultoria, o resultado representa uma recuperação, já que em 2003-2004 o<br />
rebanho era estimado em cerca de 200 milhões de cabeças. O abate de matrizes<br />
nos últimos anos teria levado a uma redução no número de animais, em virtude<br />
dos baixos preços obtidos pela pecuária bovina.<br />
A expectativa atual é de que haja um aumento contínuo da capacidade de<br />
suporte das pastagens, ou seja, um número maior de cabeças em áreas cada vez<br />
menores. Segundo o diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, a recuperação da<br />
produção de carne bovina virá com ganhos contínuos de produtividade.<br />
A consultoria prevê uma redução de 17 milhões de hectares na área dedicada<br />
à criação de gado, entre 2008 e 2017. Essa perda se dará pela substituição<br />
de pastagens por lavouras. A abertura de novas áreas de pastagem nas regiões<br />
<strong>No</strong>rte e <strong>No</strong>rdeste não será suficiente para compensar a substituição por lavouras,<br />
avalia a consultoria.<br />
Em relação à exportação de carne bovina, a perspectiva é de que o mercado<br />
externo passe a ser responsável por 32% do total das vendas nos próximos anos.<br />
Atualmente, o mercado externo representa 28% de toda a carne produzida no<br />
país. Esse crescimento, segundo a AgraFNP, deve ocorrer em virtude do aquecimento<br />
dos preços do produto no mercado internacional, que permanecerão atrativos<br />
para o exportador.<br />
A consultoria estima, ainda, que a demanda por carne bovina continue<br />
crescendo anualmente a uma taxa de 250 mil a 300 mil toneladas de equivalentecarcaça<br />
(peso da carne desossada, convertida em carne com osso). Os principais<br />
mercados serão os países asiáticos e os Estados Unidos. Dentro desse cenário, a<br />
AgraFNP considera que a participação das cotações internacionais na formação<br />
dos preços internos do boi gordo aumentará cada vez mais. 9<br />
Já as considerações da Embrapa Agropecuária e Cepagri-Unicamp (2008)<br />
a respeito das mudanças climáticas não permitiriam tanto otimismo. De acordo<br />
com o estudo “Aquecimento global e a nova geografia da produção agrícola do<br />
<strong>Brasil</strong>”, as projeções para a pecuária mostram que um aumento de temperatura<br />
da ordem de 3°C (aumento médio previsto pelo Painel Intergovernamental de<br />
Mudanças Climáticas (IPCC) até 2100) pode causar a perda de até 25% da capacidade<br />
de pastoreio para bovinos de corte. Isto significaria um aumento de custo de<br />
9 Alexandre Inacio. AgraFNP: rebanho bovino deve atingir 183 mi de cabeças em 2017. Agência Estado,<br />
29/07/08.<br />
31