estudo da resistência e da deformabilidade da alvenaria de blocos ...

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 15 2.2.2. Capacidade de absorver deformações Segundo SABBATINI (1984), a argamassa deve possuir módulo de elasticidade adequado de forma a acomodar as deformações provenientes de movimentos da estrutura e intrínsecas, ou seja, aquelas provocadas por retração na secagem e de origem térmica, sem que ocorra o aparecimento de fissuras. As argamassas mistas têm maior ductilidade. Materiais como a cal, incorporados nas argamassas, diminuem a rigidez das mesmas e permitem a acomodação das movimentações intrínsecas à alvenaria. Esta capacidade de se deformar ajuda na distribuição de esforços e na vedação, pois a argamassa pode absorver uma parte destes esforços e dissipá-los através de microfissuras não prejudiciais à estanqueidade e à resistência da parede. Este fato não acontece em argamassas muito rígidas, ou seja, com alto módulo de elasticidade, pois dissipam os esforços atuantes mediante macrofissuras, provocando infiltrações e perda de aderência (SOLÓRZANO, 1994). FRANCO cita trabalhos do BUILDING RESEARCH STATION 2 em que afirmam que “raramente a fissuração da alvenaria é resultado de cargas aplicadas diretamente na estrutura, e sim de movimentos diferenciais entre várias partes da mesma, que podem ser causados por recalque da fundação ou por movimentos térmicos e de retração. Dessa forma, uma argamassa desnecessariamente forte possibilita a concentração dos efeitos de qualquer deformação diferencial em um pequeno número de fissuras com grandes aberturas. Já uma argamassa fraca acomoda-se com pequenos movimentos e qualquer fissura tende a distribuir-se por fissuras capilares nas juntas, que são imperceptíveis”. 2.2.3. Resistência da argamassa A escolha de uma argamassa adequada para uma determinada alvenaria estrutural dependerá do bloco utilizado e de sua resistência à compressão. Porém, conforme afirmam diversos pesquisadores, tais como SABBATINI (1984) e ANDREWS (1950), a resistência da parede de alvenaria constituída com blocos 2 BUILING RESEARCH STATION Strength and stability of walls. London, HMSO. Builing Research Station Digest nº 75 (first series). Garston, 1955.

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 16 usuais não é muito afetada pela resistência da argamassa. Isto se deve ao fato da argamassa estar submetida a um estado uniaxial de tensões nos ensaios à compressão em cilindros ou cubos, diferentemente do estado triaxial a que fica submetida na alvenaria. Assim, um grande aumento de resistência da argamassa no primeiro caso corresponde a um pequeno acréscimo no segundo, diminuindo também sua deformabilidade. Dessa forma, SOLÓRZANO (1994) propõe que a resistência da argamassa não seja usada como parâmetro representativo no controle da resistência da parede, mas sim para controle da produção da argamassa. Segundo citações feitas por TANGO (1981), a argamassa utilizada na alvenaria estrutural deve apresentar uma resistência adequada, de modo a garantir a durabilidade e a impermeabilidade da parede, além de contribuir com sua estabilidade. Porém, o autor também ressalta que o controle da resistência à compressão da argamassa feita em moldes cilíndricos trata-se de um parâmetro de qualidade, já que a resistência à compressão não é a mesma desenvolvida na parede, devido às diferenças nas condições de adensamento e cura, ao estado de tensão a que fica submetida a argamassa e a fatores circunstanciais, tais como a absorção de água pelo bloco. Dos estudos desenvolvidos por GOMES (1983), concluiu-se que paredes submetidas à compressão simples não precisam ser moldadas com argamassa de resistência superior à resistência dos blocos, com o objetivo de evitar uma argamassa muito rígida que comprometa o comportamento das paredes. DRYSDALE et al. (1994) realizaram alguns ensaios com prismas de blocos cerâmicos, onde concluíram que a correlação existente entre menores resistências à compressão de argamassa e menores resistências à compressão de prismas é mais evidente em situações onde são utilizadas resistências de unidades elevadas. A afirmação feita por DRYSDALE et al. (1994) pode ser comprovada através da tabela 2.2, transcrita da BS 5628: part 1 (1992), que apresenta valores estimados para a resistência característica à compressão da alvenaria, a partir da resistência do bloco e da argamassa utilizada. Através desta tabela é possível verificar o aumento da influência da resistência da argamassa na resistência da alvenaria conforme se aumenta a resistência da unidade.

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 15<br />

2.2.2. Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver <strong>de</strong>formações<br />

Segundo SABBATINI (1984), a argamassa <strong>de</strong>ve possuir módulo <strong>de</strong><br />

elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> forma a acomo<strong>da</strong>r as <strong>de</strong>formações provenientes <strong>de</strong><br />

movimentos <strong>da</strong> estrutura e intrínsecas, ou seja, aquelas provoca<strong>da</strong>s por retração na<br />

secagem e <strong>de</strong> origem térmica, sem que ocorra o aparecimento <strong>de</strong> fissuras.<br />

As argamassas mistas têm maior ductili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Materiais como a cal,<br />

incorporados nas argamassas, diminuem a rigi<strong>de</strong>z <strong>da</strong>s mesmas e permitem a<br />

acomo<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s movimentações intrínsecas à <strong>alvenaria</strong>. Esta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>formar aju<strong>da</strong> na distribuição <strong>de</strong> esforços e na ve<strong>da</strong>ção, pois a argamassa po<strong>de</strong><br />

absorver uma parte <strong>de</strong>stes esforços e dissipá-los através <strong>de</strong> microfissuras não<br />

prejudiciais à estanquei<strong>da</strong><strong>de</strong> e à <strong>resistência</strong> <strong>da</strong> pare<strong>de</strong>. Este fato não acontece em<br />

argamassas muito rígi<strong>da</strong>s, ou seja, com alto módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois dissipam<br />

os esforços atuantes mediante macrofissuras, provocando infiltrações e per<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>rência (SOLÓRZANO, 1994).<br />

FRANCO cita trabalhos do BUILDING RESEARCH STATION 2 em que<br />

afirmam que “raramente a fissuração <strong>da</strong> <strong>alvenaria</strong> é resultado <strong>de</strong> cargas aplica<strong>da</strong>s<br />

diretamente na estrutura, e sim <strong>de</strong> movimentos diferenciais entre várias partes <strong>da</strong><br />

mesma, que po<strong>de</strong>m ser causados por recalque <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção ou por movimentos<br />

térmicos e <strong>de</strong> retração. Dessa forma, uma argamassa <strong>de</strong>snecessariamente forte<br />

possibilita a concentração dos efeitos <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>formação diferencial em um<br />

pequeno número <strong>de</strong> fissuras com gran<strong>de</strong>s aberturas. Já uma argamassa fraca<br />

acomo<strong>da</strong>-se com pequenos movimentos e qualquer fissura ten<strong>de</strong> a distribuir-se por<br />

fissuras capilares nas juntas, que são imperceptíveis”.<br />

2.2.3. Resistência <strong>da</strong> argamassa<br />

A escolha <strong>de</strong> uma argamassa a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>alvenaria</strong><br />

estrutural <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do bloco utilizado e <strong>de</strong> sua <strong>resistência</strong> à compressão. Porém,<br />

conforme afirmam diversos pesquisadores, tais como SABBATINI (1984) e<br />

ANDREWS (1950), a <strong>resistência</strong> <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>alvenaria</strong> constituí<strong>da</strong> com <strong>blocos</strong><br />

2 BUILING RESEARCH STATION Strength and stability of walls. London, HMSO. Builing Research<br />

Station Digest nº 75 (first series). Garston, 1955.

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