Volume 3 Parte 1 - Portal do Professor - Ministério da Educação

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12 sinergia todos esses insumos do processo de aprendizagem e ensino. No desalinhamento deles, residem alguns dos entraves mais sérios da reforma para a melhoria da qualidade desse processo. A noção de que na escola existe o curricular e o extracurricular foi profundamente revista ao longo do século 20. Era adequada para uma educação em que os conteúdos escolares deveriam ser memorizados e devolvidos tal como foram entregues aos alunos, e o currículo, abstrato e desmotivador, precisava de um “tempero” extracurricular na forma de atividades culturais, lúdicas ou outras, para que a escola fosse menos aborrecida. Na concepção moderna, o currículo supõe o tratamento dos conteúdos curriculares em contextos que façam sentido para os alunos, assim, o que acontece na escola ou é curricular ou não deveria acontecer na escola. Atividades esportivas aos fins de semana sem qualquer vinculação com a Proposta Pedagógica da escola, na verdade, mais do que extracurriculares, são “extraescolares”, e só acontecem na escola por falta de outros espaços e tempos disponíveis. Atividades de esporte, cultura ou lazer, planejadas e integradas aos conteúdos de Educação Física, Artes, Ciências ou Informática, dentro da Proposta Pedagógica, são curriculares quer ocorram em dias letivos ou em fins de semana, na escola ou em qualquer outro espaço de aprendizagem. O currículo, portanto, não é uma lista de disciplinas confinadas à sala de aula. É todo o conteúdo da experiência escolar, que acontece na aula convencional e nas demais atividades articuladas pelo projeto pedagógico. O currículo transparece O currículo, detalhado em termos de “o que e quando se espera que os alunos aprendam”, é também a melhor forma de dar transparência à ação educativa. Num momento em que se consolidam os sistemas de avaliação externa como a PRO- VA BRASIL, o SAEB e o ENEM, é fundamental que a avaliação incida sobre o que está de fato sendo trabalhado na escola, por diferentes razões. A primeira diz respeito ao compromisso com a aprendizagem das crianças e jovens de um sistema de ensino público. O currículo estabelece o básico que todo aluno tem o direito de aprender e, para esse básico, detalha os contextos que dão sentido aos conteúdos, às atividades de alunos e professores, aos recursos didáticos e às formas de avaliação. Orienta o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem no tempo, garantindo que o percurso seja cumprido pela maioria dos alunos num segmento de tempo dentro do ano letivo e de um ano letivo a outro, ordenando os anos de escolaridade. A segunda razão diz respeito à gestão escolar, porque explicita quais resultados são esperados e pode ser a base para um compromisso da escola com a melhoria das aprendizagens dos alunos. O contrato de gestão por resultados tem no currículo sua base mais importante e na avaliação o seu indicador mais confiável. Isso requer que o currículo estabeleça expectativas de aprendizagem viáveis de serem alcançadas nas condições de tempo e recurso da escola. A terceira razão, pela qual é importante que a avaliação incida sobre o que está sendo trabalhado na escola, diz respeito à docência, porque é importante que, em cada série e nível da educação básica, o professor saiba o que será avaliado no desempenho de seus alunos. A avaliação externa não pode ser uma caixa-preta para o professor. A referência da avaliação é o currículo e não viceversa. Não faz sentido, portanto, afirmar que se ensina tendo em vista a avaliação, quando o sentido é exatamente o oposto: se avalia tendo em vista as aprendizagens esperadas estabelecidas no currículo. Finalmente, a quarta razão diz respeito aos pais e à sociedade. Para acompanhar o desenvolvimento de seus filhos de modo ativo e não apenas reagir quando ocorre um problema, é indispensável que a família seja informada do que será aprendido num MATEMATICA ENSINO FUNDAMENTAL V3.indd 12 24/8/2009 15:45:08

período ou ano escolar. Essa informação deve também estar acessível para a opinião pública e a imprensa. O currículo conecta Por sua abrangência e transparência, o currículo é uma conexão vital que insere a escola no ambiente institucional e no quadro normativo que se estrutura desde o âmbito federal até o estadual ou municipal. Nacionalmente, a Constituição e a LDB estabelecem os valores fundantes da educação nacional que vão direcionar o currículo. As DCNs, emanadas do Conselho Nacional de Educação, arrematam esse ambiente institucional em âmbito nacional. Nos currículos que Estados e Municípios devem elaborar para as escolas de seus respectivos sistemas de ensino, observando as diretrizes nacionais, completa-se a conexão da escola com os entes políticos e institucionais da educação brasileira. O currículo dos sistemas públicos, estaduais ou municipais, conecta a escola com as outras escolas do mesmo sistema, configurando o que, no jargão educacional, é chamado de “rede”: rede estadual ou rede municipal de ensino. O termo rede, embora seja usado há tempos pelos educadores, assume atualmente um novo sentido que é ainda mais apropriado para descrever esse conjunto de unidades escolares cujos mantenedores são os governos estaduais ou municipais. De fato, o termo rede hoje é empregado pelas Tecnologias da Comunicação e Informação (TCIs), como um conjunto conectado de entidades que têm uma personalidade e estrutura próprias, mas que também têm muito a compartilhar com outras entidades. Uma rede pode ser de pessoas, de instituições, de países. No caso de uma rede de escolas públicas, a conexão que permite compartilhar e construir conhecimentos em colaboração é muito facilitada com a existência de um currículo que é comum a todas e que também assume características próprias da realidade e da experiência de cada escola. Pode-se mesmo afirmar que, embora os sistemas de ensino público venham sendo chamados de “rede” há bastante tempo, apenas com referências curriculares comuns e com o uso de TCIs, essa rede assume a configuração e as características de rede no sentido contemporâneo, um emaranhado que não é caótico, mas inteligente, e que pode abrigar uma aprendizagem colaborada. Finalmente, o currículo conecta a escola com o contexto, seja o imediato de seu entorno sociocultural, seja o mais vasto do País e do mundo. Se currículo é cultura social, científica, cultural, por mais árido que um conteúdo possa parecer à primeira vista, sempre poderá ser conectado com um fato ou acontecimento significativo, passado ou presente. Sempre poderá ser referido a um aspecto da realidade, próxima ou distante, vivida pelo aluno. Essa conexão tem sido designada como contextualização, como se discutirá mais adiante. O currículo é um ponto de equilíbrio O currículo procura equilibrar a prescrição estrita e a prescrição aberta. A primeira define o que é comum para todas as escolas. A segunda procura deixar espaço aberto para a criatividade e a inovação pedagógica, sugerindo material complementar, exemplos de atividades, pesquisas, projetos interdisciplinares, sequências didáticas. A presença da prescrição fechada e da prescrição aberta garante a autonomia para inovar. Quando tudo é possível, pode ser difícil decidir ações prioritárias e conteúdos indispensáveis. Quando estes últimos estão dados, oferecem uma base segura a partir da qual a escola poderá empreender e adotar outras referências para tratar os conteúdos, realizar experiências e projetos. MATEMATICA ENSINO FUNDAMENTAL V3.indd 13 24/8/2009 15:45:08 1313

perío<strong>do</strong> ou ano escolar. Essa informação<br />

deve também estar acessível para a opinião<br />

pública e a imprensa.<br />

O currículo conecta<br />

Por sua abrangência e transparência,<br />

o currículo é uma conexão vital que insere<br />

a escola no ambiente institucional e no<br />

quadro normativo que se estrutura desde o<br />

âmbito federal até o estadual ou municipal.<br />

Nacionalmente, a Constituição e a LDB estabelecem<br />

os valores fun<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> educação<br />

nacional que vão direcionar o currículo.<br />

As DCNs, emana<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Conselho Nacional<br />

de <strong>Educação</strong>, arrematam esse ambiente<br />

institucional em âmbito nacional. Nos<br />

currículos que Esta<strong>do</strong>s e Municípios devem<br />

elaborar para as escolas de seus respectivos<br />

sistemas de ensino, observan<strong>do</strong> as diretrizes<br />

nacionais, completa-se a conexão <strong>da</strong> escola<br />

com os entes políticos e institucionais <strong>da</strong><br />

educação brasileira.<br />

O currículo <strong>do</strong>s sistemas públicos, estaduais<br />

ou municipais, conecta a escola com<br />

as outras escolas <strong>do</strong> mesmo sistema, configuran<strong>do</strong><br />

o que, no jargão educacional, é<br />

chama<strong>do</strong> de “rede”: rede estadual ou rede<br />

municipal de ensino.<br />

O termo rede, embora seja usa<strong>do</strong> há tempos<br />

pelos educa<strong>do</strong>res, assume atualmente<br />

um novo senti<strong>do</strong> que é ain<strong>da</strong> mais apropria<strong>do</strong><br />

para descrever esse conjunto de uni<strong>da</strong>des<br />

escolares cujos mantene<strong>do</strong>res são os governos<br />

estaduais ou municipais. De fato, o termo<br />

rede hoje é emprega<strong>do</strong> pelas Tecnologias<br />

<strong>da</strong> Comunicação e Informação (TCIs), como<br />

um conjunto conecta<strong>do</strong> de enti<strong>da</strong>des que têm<br />

uma personali<strong>da</strong>de e estrutura próprias, mas<br />

que também têm muito a compartilhar com<br />

outras enti<strong>da</strong>des.<br />

Uma rede pode ser de pessoas, de instituições,<br />

de países. No caso de uma rede de<br />

escolas públicas, a conexão que permite compartilhar<br />

e construir conhecimentos em colaboração<br />

é muito facilita<strong>da</strong> com a existência<br />

de um currículo que é comum a to<strong>da</strong>s e que<br />

também assume características próprias <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> experiência de ca<strong>da</strong> escola.<br />

Pode-se mesmo afirmar que, embora os sistemas<br />

de ensino público venham sen<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>s<br />

de “rede” há bastante tempo, apenas<br />

com referências curriculares comuns e com o<br />

uso de TCIs, essa rede assume a configuração<br />

e as características de rede no senti<strong>do</strong> contemporâneo,<br />

um emaranha<strong>do</strong> que não é caótico,<br />

mas inteligente, e que pode abrigar uma<br />

aprendizagem colabora<strong>da</strong>.<br />

Finalmente, o currículo conecta a escola<br />

com o contexto, seja o imediato de seu<br />

entorno sociocultural, seja o mais vasto <strong>do</strong><br />

País e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Se currículo é cultura social,<br />

científica, cultural, por mais ári<strong>do</strong> que<br />

um conteú<strong>do</strong> possa parecer à primeira vista,<br />

sempre poderá ser conecta<strong>do</strong> com um fato<br />

ou acontecimento significativo, passa<strong>do</strong> ou<br />

presente. Sempre poderá ser referi<strong>do</strong> a um<br />

aspecto <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, próxima ou distante,<br />

vivi<strong>da</strong> pelo aluno. Essa conexão tem si<strong>do</strong><br />

designa<strong>da</strong> como contextualização, como se<br />

discutirá mais adiante.<br />

O currículo é um ponto de equilíbrio<br />

O currículo procura equilibrar a prescrição<br />

estrita e a prescrição aberta. A primeira<br />

define o que é comum para to<strong>da</strong>s as escolas.<br />

A segun<strong>da</strong> procura deixar espaço aberto<br />

para a criativi<strong>da</strong>de e a inovação pe<strong>da</strong>gógica,<br />

sugerin<strong>do</strong> material complementar, exemplos<br />

de ativi<strong>da</strong>des, pesquisas, projetos interdisciplinares,<br />

sequências didáticas.<br />

A presença <strong>da</strong> prescrição fecha<strong>da</strong> e <strong>da</strong><br />

prescrição aberta garante a autonomia<br />

para inovar. Quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> é possível, pode<br />

ser difícil decidir ações prioritárias e conteú<strong>do</strong>s<br />

indispensáveis. Quan<strong>do</strong> estes últimos<br />

estão <strong>da</strong><strong>do</strong>s, oferecem uma base segura a<br />

partir <strong>da</strong> qual a escola poderá empreender<br />

e a<strong>do</strong>tar outras referências para tratar os<br />

conteú<strong>do</strong>s, realizar experiências e projetos.<br />

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