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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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- Segundo, que a norma pode e é subvertida. Todos os dias, em todos os espaços,<br />

homens e mulheres a desafiam. Alguns sujeitos embaralham códigos de gêneros<br />

ou atravessam suas fronteiras; outros articulam de formas distintas sexogênero-sexualidade;<br />

outros ainda criticam a norma através da paródia ou da<br />

ironia. A heteronormatividade constituiu-se, portanto, num empreendimento<br />

cultural que, como qualquer outro, implica disputa política.<br />

Outra idéia sugestiva é a de que há provavelmente especiais intersecções entre<br />

heterossexualidade e gênero. Temos de reconhecer que sexualidade e gênero estão<br />

profundamente articulados, talvez mesmo, muito freqüentemente, se mostrem<br />

confundidos. Experimentações empreendidas no “território” da sexualidade acabam<br />

por ter efeitos no âmbito do gênero. Basta lembrar o quanto é comum atribuir a<br />

um homem homossexual a qualificação de “mulherzinha” ou supor que uma mulher<br />

lésbica seja uma mulher-macho. A transgressão da norma heterossexual não afeta<br />

ape<strong>na</strong>s a identidade sexual do sujeito, mas é muitas vezes representada como uma<br />

“perda” do seu gênero “origi<strong>na</strong>l”.<br />

Em nossa cultura, esse movimento, ou seja, o processo de heteronormatividade,<br />

parece ser exercido de modo mais intenso ou mais visível em relação ao gênero<br />

masculino. Observamos que desde os primeiros anos de infância os meninos são alvo<br />

de uma especialíssima atenção <strong>na</strong> construção de uma sexualidade heterossexual. As<br />

práticas afetivas entre meni<strong>na</strong>s e mulheres costumam ter, entre nós, um leque de expressões<br />

mais amplo do que aquele admitido para garotos e homens. A intimidade<br />

cultivada <strong>na</strong>s relações de amizade entre mulheres e a expressão da afetividade por<br />

proximidade e toques físicos são capazes de borrar possíveis divisórias entre relações<br />

de amizade e relações amorosas e sexuais. Daí que a homossexualidade femini<strong>na</strong> pode<br />

se constituir de forma mais invisível. Abraços, beijos, mãos dadas, a atitude de “abrir o<br />

coração” para a amiga/parceira são práticas comuns do gênero feminino em nossa cultura.<br />

Essas mesmas práticas não são, contudo, estimuladas entre os meninos ou entre<br />

os homens. A “camaradagem” masculi<strong>na</strong> tem outras formas de manifestação: poucas<br />

vezes é marcada pela troca de confidências e o contato físico, ainda que seja ple<strong>na</strong>mente<br />

praticado em algumas situações (nos esportes, por exemplo), se dá cercado de<br />

maiores restrições entre eles do que entre elas (não só quanto às áreas do corpo que<br />

podem ser tocadas como do tipo de toque que é visto como adequado).<br />

Dessa forma, o processo de heteronormatividade não só se tor<strong>na</strong> mais visível<br />

em sua ação <strong>sobre</strong> os sujeitos masculinos, como também aparece, neste caso,<br />

freqüentemente associado com a homofobia. Pela lógica dicotômica, os discursos<br />

e as práticas que constituem o processo de masculinização implicam a negação de<br />

práticas ou características referidas ao gênero feminino e essa negação se expressa,<br />

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