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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Ademais, ao falarmos de diversidade sexual nestes termos, colocamo-nos<br />

ao lado de quem procura extrapolar enunciações, discursos e práticas que encerram<br />

as discussões e as políticas <strong>sobre</strong> sexualidade <strong>na</strong> (de todo modo importante)<br />

dimensão dos direitos à saúde sexual e reprodutiva. Tais enunciações, discursos e<br />

práticas trazem, no mínimo, forte ranço heteronormativo e, por isso resvalam ou<br />

apontam para discussões e posturas em que a sexualidade é pensada e vivida em<br />

termos de risco e de ameaça. Não por acaso, a discussão tende a ficar circunscrita<br />

à prevenção de Aids, DST e gravidez “não planejada”, e nem sequer cogita<br />

tangenciar a promoção da saúde.<br />

Falar em diversidade sexual requer, <strong>na</strong> perspectiva aqui adotada, situar questões<br />

relativas a gênero e à sexualidade no terreno da ética democrática e dos direitos<br />

humanos, apelando para a necessidade de se reconhecerem como legítimas as múltiplas<br />

e dinâmicas formas de expressão das identidades, dos corpos e das práticas<br />

sexuais. Exige a promoção de políticas e pedagogias atentas à complexidade, produtoras<br />

de posturas flexíveis voltadas para garantir a igualdade de direitos, as oportunidades<br />

e a interlocução. Conclama indivíduos e grupos a, em um esforço dialógico,<br />

não descartarem a priori as vivências, as experiências ou os saberes do “outro” e<br />

aceitarem construir novas e inéditas formas de intersubjetividade e de interação<br />

social. Pede atenção contínua em relação às convergências entre representações e<br />

mecanismos heteronormativos, sexistas, heterossexistas, misóginos, homofóbicos e<br />

racistas. Comporta ter presente que “a sexualidade tem muito a ver com a capacidade<br />

para a liberdade e com os direitos civis e que o direito a uma informação adequada é parte<br />

daquilo que vincula a sexualidade tanto com o domínio imaginário quanto com o domínio<br />

público” (BRITZMAN, 999: 09, grifos meus).<br />

Construir as possibilidades para este reconhecimento da diversidade sexual<br />

<strong>na</strong> educação implica uma visão de conjunto e um quadro de referências alimentado<br />

pelo diálogo, por princípios de justiça e eqüidade, por valores democráticos e pela<br />

compreensão do papel da diversidade e do pluralismo no processo educacio<strong>na</strong>l.<br />

Nesse sentido, acredito oportuno não ape<strong>na</strong>s evitar, mas desestabilizar posturas<br />

balizadas por pressupostos assimilacionistas, essencializantes ou medicalizados,<br />

bem como posicio<strong>na</strong>mentos embalados por disposições diferencialistas, particularistas,<br />

regressivas ou separatistas. Tampouco se pode esquecer que, tão deletérios<br />

165 A idéia de gravidez “indesejada” é indissociável das representações <strong>sobre</strong> a sexualidade do “outro”<br />

(“irregular”, “desregrada”), apresenta nexos com o padrão das relações étnico-raciais, de classe, geracio<strong>na</strong>is<br />

e com diferentes visões, percepções e expectativas que indivíduos e grupos têm de si, da<br />

sociedade e do futuro.<br />

166 Sobre a distinção entre “prevenção” e “promoção da saúde”, vide: SANTOS e OLIVEIRA, 2006.<br />

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