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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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que já estava lá, desde sempre, <strong>na</strong>tural e estaticamente posto, sem nenhum sistema<br />

dinâmico (e contraditório) de relações sociais e de poder ou quadro de representações<br />

sociais que as produzissem, lhe dessem sentido (ou sentidos) e lhe atribuíssem<br />

significados. Enquanto fenômenos sociais, as identidades, além de não serem prediscursivas<br />

e <strong>na</strong>turalmente “dadas”, tampouco se constituem de modo linear, fechado,<br />

transparente, em perfeita coerência e livre de coercitividade. Observa Stuart Hall:<br />

Ao invés de tomar a identidade por um fato que, uma vez<br />

consumado, passa em seguida a ser representado pelas novas<br />

práticas culturais, deveríamos pensá-la, talvez, como uma<br />

“produção” que nunca se completa, que está sempre em processo<br />

e é sempre constituída inter<strong>na</strong> e não exter<strong>na</strong>mente à<br />

representação (HALL, 99 : 8).<br />

Não se trata, portanto, de verificar se as representações sociais em circulação<br />

“espelham” ou “distorcem” a “verdade” acerca dos grupos e dos indivíduos de que se<br />

fala. As representações exercem um papel ativo <strong>na</strong> produção de identidades e de<br />

práticas sociais. As marcas das diferenças são continuamente produzidas, inscritas<br />

e reinscritas mediante processos discursivos e culturais (LOURO, 00 : 4;<br />

SOARES, 004), multifariamente relacio<strong>na</strong>dos com as disposições das normas de<br />

gênero, da heteronormatividade, do racismo e de outros arse<strong>na</strong>is normativos.<br />

E àqueles e àquelas que, amparados nos pressupostos da existência de identidades<br />

estáveis ou cristalizadas, preferem defender a fixidez das identidades sexuais,<br />

vale lembrar:<br />

Pela centralidade que a sexualidade adquiriu <strong>na</strong>s moder<strong>na</strong>s sociedade<br />

ocidentais, parece ser difícil entendê-la como tendo as propriedades<br />

de fluidez e inconstância. Freqüentemente nos apresentamos<br />

(ou nos representamos) a partir de nossa identidade de<br />

gênero e de nossa identidade sexual. Esta parece ser, usualmente,<br />

a referência mais “segura” <strong>sobre</strong> os indivíduos. [...] podemos reconhecer,<br />

teoricamente, que nossos desejos e interesses individuais<br />

e nossos pertencimentos sociais possam nos “empurrar” em várias<br />

direções; no entanto, nós “tememos a incerteza, o desconhecido,<br />

a ameaça de dissolução que implica não ter uma identidade fixa”;<br />

por isso, tentamos fixar uma identidade, afirmando que o que somos<br />

agora é o que, <strong>na</strong> verdade, sempre fomos. Precisamos de algo<br />

que dê um fundamento para nossas ações e, então, construímos<br />

nossas “<strong>na</strong>rrativas pessoais”, nossas biografias, de uma forma que<br />

lhes garanta coerência (LOURO, 999: - 4).<br />

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