18.08.2013 Views

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

aprofunda o processo de sua distinção dos indivíduos pertencentes ao grupo de<br />

referência e, ao mesmo tempo, garante maior sedimentação das crenças e das normas<br />

associadas ao próprio estereótipo. A incessante repetição (com suas devidas<br />

atualizações) permite que a sua profecia se autocumpra e exerça efeitos de poder, de<br />

inclusão ou margi<strong>na</strong>lização.<br />

E mais: como ensi<strong>na</strong> Mary Douglas ( 97 ), à medida que se procura consubstanciar<br />

e legitimar a margi<strong>na</strong>lização do indivíduo objetivado como “diferente”/“anômalo”,<br />

termi<strong>na</strong>-se por conferir ulterior nitidez às fronteiras do conjunto dos “normais”. A<br />

existência de um “nós-normais” não só depende da existência de uma “alteridade nãonormal”:<br />

a legitimação da condição de margi<strong>na</strong>lizado vivida pelo “outro” é requisito<br />

indispensável para afirmar, confirmar e aprofundar o fosso entre este e aqueles.<br />

Ao propiciar novas possibilidades de ver e perceber indivíduos e grupos<br />

até então postos sob a implacável mira dos estereótipos e dos preconceitos, a<br />

desmistificação de representações que daí resultavam tor<strong>na</strong>-se fator fundamental<br />

para a desconstrução de mecanismos de percepção e de sistemas de crenças por<br />

meio dos quais se produzia esse duplo engano e se legitimavam relações de força<br />

extremamente assimétricas.<br />

Além de constituírem um fator indispensável para a democratização das relações,<br />

desconstruir tal lógica e desestabilizar os entendimentos construídos a partir<br />

dela configuram uma oportunidade para que cada um de nós possa lidar de uma nova<br />

maneira não só com o suposto “outro” mas, <strong>sobre</strong>tudo, consigo mesmo. Procuraríamos<br />

deixar de fazer do “outro” objeto de nossas próprias e mais mesquinhas projeções.<br />

Em outras palavras: o convívio com a diversidade das paisagens huma<strong>na</strong>s<br />

pode representar um fator poderoso para o aprofundamento do conhecimento<br />

recíproco e do autoconhecimento 4 à medida que possibilite o encontro, o diálogo<br />

e a desmistificação de construções em relação tanto ao “outro” quanto a “nós<br />

mesmos”. Isto porque, com freqüência, costumamos nos ver a partir do que preferimos<br />

nos imagi<strong>na</strong>r ser, fazendo um contraponto com o que supomos e julgamos<br />

ser o “outro”. Poderíamos buscar construir representações menos neuróticas,<br />

menos encantadas <strong>sobre</strong>tudo acerca de “nós mesmos”. Quem sabe, começaríamos<br />

a desestabilizar processos alimentadores de ulteriores fraudes, promotoras de angústias,<br />

insatisfações, rivalidades, humilhações, ódios, boicotes, autoboicotes e novas<br />

(ou renovadas) formas de infelicidade.<br />

123 Em termos junguianos: deixar de projetar em outrem a nossa “sombra”. Vide: DIAS e GAMBINI, 1999.<br />

124 “Conhecer o Outro é conhecer melhor a si mesmo.” (MATOS, 2006: 65).<br />

125 As produções de crenças, expectativas e julgamentos acerca do amor romântico também se dão nessa<br />

407

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!