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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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discurso em torno da responsabilização dos sujeitos, não ensejaram o alargamento e<br />

o aprofundamento do debate em termos mais críticos, plurais e inovadores (LOU-<br />

RO, 004a: 0 e 004c: ).<br />

Ao mesmo tempo, dificilmente lograremos avanços significativos se falarmos<br />

em “direitos humanos” de maneira vaga e imprecisa, mantendo os pressupostos<br />

semelhantes aos acima mencio<strong>na</strong>dos ou aqueles que caracterizam o discurso<br />

“multiculturalista liberal” (ou liberal-conservador). 78 Limito-me, neste parágrafo,<br />

a simplesmente notar que, vista a partir da tônica da prevenção de doenças e não<br />

da promoção de uma cultura dos direitos (<strong>na</strong> qual estariam incluídos os direitos<br />

sexuais, entendidos de maneira plural e em favor da autonomia dos sujeitos), 79 a<br />

sexualidade poderá permanecer no plano do risco e da ameaça. Em tais circunstâncias,<br />

os discursos e as práticas tenderão a reverberar e a alentar as mobilizações<br />

conservadoras que, desde os anos 970 nos Estados Unidos e <strong>na</strong> Europa, vêm<br />

preconizando uma política sexual voltada a conter as “ameaças à família” e à normalidade<br />

heterossexual (WEEKS, 999: 7 -77).<br />

O apelo ao senso de oportunidade fala por si:<br />

Ainda é cedo. / Isso é cultural, não convém forçar uma mudança<br />

abrupta e extemporânea. / Antigamente era muito pior, e isso<br />

que os gays querem é coisa que só os netos de nossos netos poderão<br />

ver. / Não há clima nesse momento. / Isso pode corroer nossa<br />

sustentação política.<br />

O futuro é eter<strong>na</strong>mente adiado, e a tarefa é confiada ao “tempo <strong>na</strong>tural das<br />

coisas”, às gerações vindouras. O “clima” não poderia resultar da nossa capacidade de<br />

intervenção no cenário? Teríamos também que nos interrogar acerca de que aliados<br />

queremos e que novas alianças podemos estabelecer. Isso sem deixar de notar que a<br />

temática da promoção do reconhecimento da diversidade sexual e da problematização<br />

do sexismo e da homofobia costuma ser, sistematicamente, a última da fila.<br />

Por fim, vale mencio<strong>na</strong>r a antecipação fatalista. Como no apelo ao senso de<br />

oportunidade, ressaltam-se dimensões negativas das possíveis adoções de reconhecimento<br />

da diversidade e de crítica da homofobia. O “apelo ao senso de oportunidade”<br />

nem sempre pressupõe uma impossibilidade incontornável: em certos momentos,<br />

parece subsistir uma esperança por algo melhor em um futuro longínquo. Não é<br />

78 É intenso o debate em torno dos multiculturalismos. Cf. APPADURAI, 2001; BAUMAN, 1998b, 2003a<br />

e 2003b; BHABHA, 1997 e 2001; HARVEY, 2002; LACORNE, 1997; LEGHISSA e ZOLETTO, 2002;<br />

PICCONE STELLA, 2003; SANTOS, 2003a e 2006; SILVA, 2000 e 2002; WALZER, 1997; WIEVIORKA,<br />

2003; ŽIŽEK, 2003.<br />

79 Para um aprofundamento <strong>sobre</strong> os direitos sexuais, vide: CORNWALL e JOLLY, 2008.<br />

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