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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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onormatividade com outros regimes e arse<strong>na</strong>is normativos, normalizadores e estruturantes<br />

que agem nesses mesmos terrenos, tais como: racismo, sexismo, misoginia,<br />

xenofobia, classismo, entre outros.<br />

No âmbito da construção social dos corpos, a ordem da sexualidade não se<br />

constitui isoladamente, mas ao sabor das dinâmicas das posições e das oposições que<br />

organizam todo o mundo social (BOURDIEU, 999: ). Desse modo, marcadores<br />

identitários relativos a “sexo”, “gênero”, “orientação sexual” não se constroem separadamente<br />

e sem fortes pressões sociais concernentes a outros marcadores sociais,<br />

como “cor”, “raça”, “etnia”, “corpo”, “idade”, “condição físico-mental”, “classe”, “origem”<br />

etc. Por isso, tanto estes quanto aqueles não poderiam ser tomados de maneira<br />

isolada e sem levar em consideração os contextos de produção de seus significados,<br />

os múltiplos nexos e entrecruzamentos que estabelecem entre si e os mútuos efeitos<br />

que produzem. As identificações aí produzidas, como observa Butler ( 00 : 74),<br />

são plurais justamente por estarem imbricadas: “uma é veículo da outra”. E, não por<br />

acaso, alerta Deborah Britzman ( 004: 4): “o corpo não é vivido a prestações”, e,<br />

considerados em conjunto, “os marcadores do corpo agem uns <strong>sobre</strong> os outros de<br />

maneira que se afiguram imprevisíveis e surpreendentes”.<br />

Assim, não se pode descurar que processos de construção de identidades étnicas<br />

ou racializadas tendem a se dar em torno da produção e da circulação de representações<br />

sociais <strong>na</strong>turalizadoras não ape<strong>na</strong>s acerca ou a partir das noções de etnia e<br />

de raça, mas também das de corpo, gênero, sexualidade, entre outras. Ou seja, sexismo,<br />

misoginia, homofobia e racismo encontram-se, reforçam-se e (con)fundem-se.<br />

Com efeito, Britzman lembra que “a história da racialização judaica sugere que as<br />

construções racistas do corpo exigem que ele também seja construído através do<br />

gênero e da sexualidade, para que a categoria raça seja inteligível” (ibid.: ). 4<br />

Não à toa, ao discutir as relações raciais entre brancos e negros nos Estados<br />

Unidos, Cornel West ( 994: 0 ) assi<strong>na</strong>la que “as percepções sexuais influenciam as<br />

questões raciais”. E vice-versa, acrescentemos. É suficiente atentar para os estudos<br />

pós-colonialistas para facilmente concordarmos com Butler ( 00 : 74) quando<br />

sublinha que “o que se considera ‘etnia’ marca e erotiza a sexualidade ou pode constituir<br />

em si mesmo uma marcação sexual”. Para ela, as normas de gênero e as nor-<br />

34 A passagem do medieval antijudaísmo teológico (contra a prática do judaísmo) ao moderno anti-semitismo<br />

científico (contra a “raça judaica”) e a formulação dos discursos colonial e neocolonial promoveram a gradual<br />

invenção do corpo específico do “outro”, cuja raça, gênero e sexualidade atestariam sua inferioridade.<br />

Por ter o anti-semitismo se constituído uma ideologia laica e não uma versão secularizada de superstições<br />

medievais (ARENDT, 1951 [1996]; LAFER, 2003: 43), pode-se pensar <strong>na</strong> sua centralidade para a formulação<br />

de outras enunciações racistas e homofóbicas de caráter laico que lhe foram subseqüentes. Vide:<br />

MARCHETTI, 2001.<br />

35 Vide, por ex.: MELLINO, 2005; YOUNG, 2005.<br />

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