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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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A homofobia, com sua força desumanizadora, corrói a nossa formação e compromete<br />

a construção de uma sociedade democrática e pluralista. Ao desestabilizarmos<br />

postulados heteronormativos, poderemos fazer furos <strong>na</strong> superfície dessa (ir)racio<strong>na</strong>lidade<br />

que tem <strong>na</strong> homofobia uma das suas mais poderosas e cruéis expressões.<br />

É nessa direção que as autoras e os autores aqui reunidos esperam contribuir.<br />

Sobre os artigos<br />

Em Homofobia <strong>na</strong> perspectiva dos direitos humanos e no contexto dos estudos<br />

<strong>sobre</strong> preconceito e discrimi<strong>na</strong>ção, Roger Raupp Rios faz uma indispensável reflexão<br />

<strong>sobre</strong> o conceito de homofobia. Mediante uma exposição do estado da arte<br />

dos estudos psicológicos e sociológicos <strong>sobre</strong> preconceito e discrimi<strong>na</strong>ção, procura<br />

compreender a discrimi<strong>na</strong>ção homofóbica no quadro da reflexão acumulada<br />

<strong>sobre</strong> outras formas de discrimi<strong>na</strong>ção, tais como o anti-semitismo, o racismo e<br />

o sexismo. Valendo-se de categorias do direito da antidiscrimi<strong>na</strong>ção (tais como<br />

os conceitos de discrimi<strong>na</strong>ção direta e indireta) e da identificação das formas de<br />

violência homofóbica engendradas pelo heterossexismo, o autor arrola possíveis<br />

respostas jurídicas à homofobia, no horizonte do paradigma dos direitos humanos,<br />

valiosas para se pensar em ações no espaço escolar.<br />

Da ótica dos estudos gays e lésbicos e da teoria queer, Guacira Lopes Louro,<br />

em Heteronormatividade e homofobia, a<strong>na</strong>lisa o processo histórico a partir do qual se<br />

verificou uma proliferação de discursos <strong>sobre</strong> a sexualidade e a necessidade de se<br />

marcar a homossexualidade e a heterossexualidade como bastante distintas, separadas.<br />

Na segunda metade do século XIX, enquanto a sexualidade se convertia numa<br />

“questão”, a norma heterossexual era produzida, reiterada e tor<strong>na</strong>da compulsória,<br />

sustentando a heteronormatividade. Médicos, filósofos, moralistas e pensadores passaram<br />

a fazer proclamações e “descobertas” <strong>sobre</strong> o sexo, a inventar classificações de<br />

sujeitos e de práticas sexuais e a determi<strong>na</strong>r o que seria ou não “normal”, “adequado”,<br />

“sadio”. Disso surgiram o “homossexual” e a “homossexualidade”, e as práticas afetivas<br />

e sexuais entre pessoas de mesmo sexo ganharam nova conotação, estabelecendose<br />

o par heterossexualidade-homossexualidade. Para garantir o privilégio da heterossexualidade,<br />

sua normalidade e sua <strong>na</strong>turalidade, investimentos de toda ordem foram<br />

postos em ação, em diversas instâncias. A manutenção da lógica que supõe que todas<br />

as pessoas sejam (ou devam ser) heterossexuais favorece a homofobia e, ao mesmo<br />

tempo, o medo e o fascínio pela homossexualidade. A pedagogia da sexualidade que<br />

daí emerge mereceria ser desestabilizada, reinventada e tor<strong>na</strong>da plural.<br />

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