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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Quando Britzman ( 99 ) afirma que o “estudo dos limites’”(visto como um<br />

método de reflexão) consiste em exercitar a capacidade de perceber como o pensamento<br />

é formado, ou seja, “o que tor<strong>na</strong> algo pensável”, sugere-me a necessidade de<br />

se duvidar constantemente da relevância e da valoração social de algumas identidades.<br />

Como, no âmbito da cultura, algo é considerado relevante/valorizado enquanto<br />

seu “diferente” é considerado irrelevante/desvalorizado?<br />

Neste sentido, a teoria queer pode ser vista como aquela que apresenta (como<br />

método?) a estratégia de confrontar explicações de ordem essencialista e construtivista<br />

tão comuns <strong>na</strong>s explicações acerca das questões das diferenças. Isto porque são<br />

essas explicações e esses modos de pensamento e significados que tor<strong>na</strong>m “reais” as<br />

representações que definem, segundo Judith Butler ( 000), os “corpos que pesam”<br />

– aqueles que têm sua devida importância social, seja do ponto de vista sexual, de<br />

gênero, racial, étnico, ou geracio<strong>na</strong>l, e que são construídos <strong>na</strong>s relações de poder<br />

que podem ser problematizadas pela postura crítica de uma pedagogia queer escolar,<br />

presente <strong>na</strong> atitude da/o educadora/or.<br />

Para Britzman ( 99 : 7), <strong>na</strong> teoria queer, a normalidade (o estado normal)<br />

é uma ordem conceitual que rejeita imagi<strong>na</strong>r como real a possibilidade do “outro”,<br />

precisamente porque a produção da diversidade é central para ela própria se autoreconhecer.<br />

Na ação pedagógica educacio<strong>na</strong>l, estar atento e apontar para essa produção<br />

da normalidade permite-nos considerar, de modo simultâneo, “as ‘instáveis<br />

relações diferenciais’ entre aqueles que transgridem o normal e aqueles que trabalham<br />

para ser reconhecidos como normais”. Isto tor<strong>na</strong> inevitável o entendimento de<br />

identidade como aquilo que se estabelece sempre em um processo de relação, nunca<br />

isolada de seu outro.<br />

Luhmann ( 998: 4 ) lembra que “gays e lésbicas educam nossas crianças”,<br />

quando introduz a reflexão <strong>sobre</strong> a possibilidade de a “teoria queer ser trazida à<br />

pedagogia”. A existência de educadoras/es gays e lésbicas é tão convenientemente<br />

ignorada no espaço social e escolar quanto conteúdos gays e lésbicos nos currículos<br />

oficiais. Para Luhmann ( 998: 4 ), trata-se da evidência da:<br />

[...] margi<strong>na</strong>lização dos sujeitos gays e lésbicos <strong>na</strong> escola,<br />

em sua desigualdade e invisibilidade [...]. Os efeitos prejudiciais<br />

da representação ausente podem ser minimizados<br />

pela inclusão de conteúdos gays e lésbicos como remédio<br />

contra homofobia, auto-estima e presença segura dos/as<br />

queer em sala de aula.<br />

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