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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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[...] colocar em situação embaraçosa o que há de estável <strong>na</strong>quele<br />

“corpo de conhecimentos”; enfim, fazer uma espécie de enfrentamento<br />

das condições em que se dá o conhecimento [...]?<br />

(ibid.: 4).<br />

Talvez, “o modo queer de pensar” possa nos apontar algum caminho. A ignorância<br />

de certas identidades subordi<strong>na</strong>das e de seus sujeitos tem sido significada por<br />

estudiosas queer, “como um efeito do conhecimento, de fato, como seu limite, e não<br />

como um estado originário ou inocente” (BRITZMAN, 99 : 4). A ignorância<br />

explicitaria “[...] uma dinâmica ativa da negação, uma recusa ativa da informação”<br />

(Felman apud LUHMANN, 998: 49) e, segundo Luhmann ( 998: 0), precisamos<br />

“compreender a ignorância não como carência de consciência, mas como uma<br />

resistência ao poder do conhecimento”.<br />

Contudo, poderia a ignorância ser desconstruída <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong>? Desconstruir<br />

a ignorância poderia ser interpretada como uma forma de levar a teoria<br />

queer para a prática da escola? Neste caso a inclusão curricular de conteúdos que<br />

expressassem a experiência gay e lésbica, contrapondo com a heterossexualidade,<br />

seria uma solução para essa ignorância?<br />

Em relação a tal questão, a teoria queer vem si<strong>na</strong>lizando para o rompimento do<br />

modelo normal heterossexual de análise e para a legitimação das identidades sexuais e<br />

de gênero. Para Louro ( 00 : 49), “[...] segundo os teóricos e as teóricas queer, é necessário<br />

empreender uma mudança epistemológica que efetivamente rompa com a lógica<br />

binária e com seus efeitos: a hierarquia, a classificação, a domi<strong>na</strong>ção e a exclusão”.<br />

Parece que esta inclusão curricular das representações de gays e lésbicas pode ser vista<br />

como uma possível estratégia de ação contra a homofobia, da mesma forma que pode<br />

ser vista como uma estratégia de subversão, conforme alerta Luhmann ( 998: 4 ).<br />

Mas não é suficiente!<br />

A instabilidade proporcio<strong>na</strong>da pela teoria queer atua especialmente no sistema<br />

discursivo em que vivemos, no qual cada identidade sexual (homo, hetero<br />

ou bissexual) é construída através do eixo sexo/gênero, claramente identificável e<br />

interdependente, pois se espera a convergência lógica entre um corpo sexuado (que<br />

deve ser macho-homem ou fêmea-mulher), sua identidade de gênero (masculi<strong>na</strong> ou<br />

femini<strong>na</strong>) e seu objeto de desejo (dirigido ao sexo oposto). A teoria queer caracteriza-se<br />

por “uma coleção de compromissos intelectuais com a relação existente entre<br />

sexo, gênero e desejo sexual” (SPARGO, 999: 9).<br />

16 Sobre essa premissa que atrela um sexo a um gênero e este a uma dada sexualidade e suas implicações,<br />

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