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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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pretendida. O momento histórico, negativamente, acentuou a homofobia, a discrimi<strong>na</strong>ção,<br />

a intolerância e a violência aos gays. Em contrapartida, redes de solidariedade<br />

foram sendo formadas a partir de uma nova identidade baseada no compartilhamento<br />

dos efeitos decorrentes da Aids. “[...] Agora os discursos se dirigem menos às<br />

identidades e se concentram mais <strong>na</strong>s práticas sexuais” (LOURO, 00 : 4 ).<br />

Portanto, a teoria queer surge da cultura intelectual gay e lésbica 4 a partir da<br />

metade dos anos 80, inspirada especialmente pela crítica aos modelos de definição<br />

das identidades sexuais e de gênero (como estáveis e fixas); ela é desenvolvida pela<br />

“vertente pós-estruturalista francesa” e inspirada “<strong>na</strong> desconstrução como um método<br />

de crítica literária e social” (Seidman apud LOURO, 00 : 4 - 47).<br />

O termo queer, nos países de língua inglesa, sempre foi usado como expressão<br />

da homofobia para humilhar e envergonhar pessoas definidas como esquisitas,<br />

estranhas, ou seja, por apresentarem sua identidade sexual e de gênero<br />

fora dos padrões da “normalidade” instituída e esperada. O termo posicio<strong>na</strong>va<br />

essas pessoas como “diferentes” dentro de uma estrutura discursiva baseada <strong>na</strong><br />

heteronormatividade. Para Spargo ( 999: 9), o termo queer pode ter a função de<br />

substantivo, adjetivo ou de verbo; “em cada caso é definido contra o ‘normal’ ou<br />

contra a normalidade” (ibid: 9).<br />

A teoria queer, portanto, rejeita a posição de um essencialismo <strong>sobre</strong> a identidade<br />

sexual; ela admite os predicados normativos e homofóbicos construídos historicamente<br />

<strong>sobre</strong> o termo queer, fazendo disso uma humorada afirmação paródica dessa<br />

inscrição negativa. Ao utilizar o termo queer (a princípio negativo e pejorativo), esse<br />

grupo marca uma resistência e uma proposital ironia à heteronormatividade.<br />

Por todo esse caráter irreverente, fora da norma, contra qualquer enquadramento<br />

e/ou classificação, pergunto: a teoria queer pode se constituir em uma abordagem<br />

da <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong>? (ou pode sugerir uma abordagem?). Essa tentativa seria<br />

uma ousadia, uma presunção, uma incoerência ou uma impossibilidade?<br />

Poderíamos pensar que, do ponto de vista conceitual, a teoria queer vai além<br />

da análise e da crítica das identidades e das diferenças sexuais. Podemos falar em<br />

epistemologia queer, ou seja, “uma forma de pensar”, “um modo de produzir, articular<br />

e problematizar o conhecimento”.<br />

A teoria queer permite pensar a ambigüidade, a multiplicidade<br />

e a fluidez das identidades sexuais e de gênero, mas, além disso,<br />

14 Em especial, no interior dos estudos e das teorizações gays e lésbicos, nos EUA e Inglaterra, consolidando-se<br />

como campo de estudo nos anos 1990.<br />

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