18.08.2013 Views

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Talvez possamos começar perguntando: Qual seria o significado, o sentido da<br />

palavra “compreensiva” <strong>na</strong> educação? Ela seria sinônimo de uma <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong><br />

“tolerante”? Ser “compreensivo/a” com o quê? Com conteúdos, informações? Ou ser<br />

“compreensivo/a” com quem? Que sujeitos seriam merecedores de compreensão? A<br />

compreensão seria com estilos de vida, vivências da sexualidade, práticas sexuais?<br />

Em que medida a “compreensão”, no sentido de “tolerância”, pode ser problematizada<br />

<strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong>?<br />

Ensaiando uma crítica <strong>sobre</strong> “Diferença e Identidade: o currículo multiculturalista”,<br />

Tomaz Tadeu da Silva ( 00 : 8 ), ao destacar o status que o mundo contemporâneo<br />

concede “à diversidade das formas culturais”, define o multiculturalismo<br />

como “um movimento legítimo de reivindicação dos grupos culturais domi<strong>na</strong>dos<br />

[...] para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas <strong>na</strong> cultura <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l”.<br />

Em se tratando de grupos marcados pela identidade racial, étnica ou <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />

essa discussão não pode ser desvinculada das relações de poder e de exploração<br />

responsáveis pelas desigualdades sociais e civis vividas por esses sujeitos. O multiculturalismo,<br />

assim, é “um importante instrumento de luta política” (SILVA, 00 :<br />

8 ). Para o autor, é a visão liberal ou humanista que deve aqui ser questio<strong>na</strong>da, uma<br />

vez que ela “enfatiza um currículo multiculturalista baseado <strong>na</strong>s idéias de tolerância,<br />

respeito e convivência harmoniosa entre as culturas” (ibid.: 88).<br />

A utilização dos termos “tolerância” e “respeito” (assim como compreensão)<br />

têm suas implicações semânticas quando estas palavras são a<strong>na</strong>lisadas a partir de<br />

referenciais pós-críticos.<br />

Apesar de seu impulso aparentemente generoso, a idéia de tolerância,<br />

por exemplo, implica também uma certa superioridade<br />

por parte de quem mostra “tolerância”. Por outro lado, a noção<br />

de “respeito” implica um certo essencialismo cultural, pelo qual<br />

as diferenças culturais são vistas como fixas, como já definitivamente<br />

estabelecidas, restando ape<strong>na</strong>s “respeitá-las” (ibid.: 88).<br />

Parece que a questão traz para a <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong> uma reflexão didáticometodológica<br />

e política, ou seja, uma vez que as diferenças sexuais, de gênero, étnico-raciais<br />

estão sendo permanentemente construídas, significadas e hierarquizadas<br />

nos processos discursivos da cultura, há fortes implicações para uma educação que<br />

se pretende ape<strong>na</strong>s “respeitá-las”, “tolerá-las” ou “compreendê-las” (as diferenças e<br />

os sujeitos subordi<strong>na</strong>dos). É preciso insistir <strong>na</strong> explicitação das relações de poder<br />

existentes nesse contexto social.<br />

309

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!