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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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O entendimento de uma “humanidade universal” começou a ser abalado a<br />

partir da metade do século XX em função da idéia de multiplicidade presentes nos<br />

movimentos de contestação e crítica social. O “homem” (substantivo masculino – sujeito<br />

privilegiado, até então, da história) começou a dar lugar ao “humano” – reconhecido<br />

como um adjetivo que traz consigo uma pluralidade, até então negada, excluída,<br />

ocultada. Num contexto histórico recente, segundo Guacira Lopes Louro, temos:<br />

[...] de um lado, o discurso hegemônico que remete à norma<br />

branca, masculi<strong>na</strong>, heterossexual e cristã; de outro lado, discursos<br />

plurais, provenientes dos grupos sociais não hegemônicos<br />

que lutam para se fazer ouvir, rompendo o silenciamento a que<br />

foram historicamente submetidos (LOURO, 000a: ).<br />

Portanto, “ser humano” realmente não foi o único requisito para alguém ter<br />

“direito”. Era preciso ser “um tipo” de sujeito e ocupar o privilegiado status hegemônico.<br />

Certamente que esta condição não foi garantida por atributos <strong>na</strong>turais, ou pela<br />

“indiscutível” qualidade de sua essência, ou pela maioria numérica de seus sujeitos.<br />

O local socialmente privilegiado deste conjunto de identidades (que define “o tipo”<br />

de sujeito de direito) reflete o seu sucesso <strong>na</strong> disputa pela sua representação num<br />

contexto discursivo, histórico e político. Estes sujeitos tiveram o “poder” que lhes<br />

garantiu o acesso material, a existência e a manutenção de sua representação como<br />

positiva e socialmente hegemônica. Este é o mesmo jogo de poder que assegura<br />

não ape<strong>na</strong>s a hierarquização dos diferentes, mas a definição dos incluídos e dos excluídos,<br />

a posição dos que serão visibilizados e dos que serão ocultados (no âmbito<br />

social em geral, e nos currículos escolares, em especial).<br />

A partir da segunda metade do século XX, principalmente os movimentos<br />

sociais mostraram que os mecanismos de desigualdades e injustiças articulavam-se<br />

relacio<strong>na</strong>dos a múltiplos marcadores sociais: sexo, gênero, sexualidade, raça, classe,<br />

geração. De acordo com estes marcadores, os homens e as mulheres, pertencentes<br />

às identidades subordi<strong>na</strong>das, tinham, não ape<strong>na</strong>s seu estado de “sujeito de direitos”<br />

violado, mas também eram “vítimas” de específicos modos de discrimi<strong>na</strong>ção, preconceito<br />

e violência decorrentes de cada identidade cultural: às mulheres: o sexismo,<br />

o machismo e a misoginia; a gays, lésbicas, travestis, transexuais, transgêneros: a<br />

homofobia, a lesbofobia e a transfobia; aos negros e às negras: o racismo e o etnocentrismo;<br />

aos estrangeiros e aos migrantes: a xenofobia. 7<br />

7 Entendo que a explicitação dessas possíveis articulações (entre identidades culturais e formas de preconceito)<br />

permite, no trabalho da <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong>, articular discussões <strong>sobre</strong> gênero, sexualidade e relações<br />

étnico-raciais numa assumida postura política de respeito à diversidade.<br />

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