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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Tanto Weeks ( 000) quanto Britzman ( 000) apresentaram formas de classificação<br />

da sexualidade em função de um contexto político, que é regulador e que se<br />

mostra conflitante <strong>na</strong>s disputas por significados.<br />

Em minha tese de doutorado (FURLANI, 00 ), tendo a sociedade contemporânea<br />

ocidental como foco, sistematizei oito diferentes abordagens acerca da<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong> que, de certa forma, estão presentes e/ou repercutem no atual<br />

universo educacio<strong>na</strong>l, pedagógico e político brasileiro. As oito abordagens foram<br />

por mim denomi<strong>na</strong>das de: biológica-higienista, moral tradicio<strong>na</strong>lista, terapêutica,<br />

religiosa radical, emancipatória, dos Direitos Humanos, dos direitos sexuais e queer.<br />

Cada qual, entendo, está articulada com distintos discursos e possui uma lógica em<br />

seus enunciados que constroem determi<strong>na</strong>do(s) conhecimento(s) acerca dos objetivos<br />

da educação sexual por ela pretendida.<br />

Quando, em 9 , Michel Foucault publicou “As palavras e as coisas”, o até<br />

então status, conferido pelas ciências sociais à análise histórica, baseado <strong>na</strong> “continuidade<br />

dos fatos”, foi abalado. Para Foucault, a descontinuidade instaurava o entendimento<br />

epistêmico de “ruptura”. Esse entendimento me pareceu útil para problematizar<br />

como as distintas abordagens entre si possuem interfaces de articulação<br />

ou total discordância entre si, mas que, acima de tudo, compartilham um mesmo<br />

espaço histórico-social. Procurei fazer este exercício de distinção em minha tese.<br />

Neste artigo, vou pinçar três delas (a abordagem “dos Direitos Humanos”, a<br />

“dos Direitos Sexuais” e aquela baseada <strong>na</strong> “pedagogia Queer”) e discutir seus enunciados,<br />

seus argumentos, sua lógica política e suas possibilidades <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong><br />

em qualquer nível de ensino e formação. Meu objetivo é proporcio<strong>na</strong>r uma<br />

reflexão, <strong>sobre</strong>tudo útil aos campos da <strong>Educação</strong> e das Políticas Públicas de ações<br />

afirmativas para os grupos subordi<strong>na</strong>dos. Estas três abordagens parecem possuir<br />

pressupostos e princípios mais próximos de um compromisso político e pedagógico<br />

de uma <strong>Educação</strong> <strong>Sexual</strong> voltada para o reconhecimento da diversidade, o respeito<br />

da diferença e a problematização das desigualdades e das injustiças sociais, especialmente<br />

quando pensamos em sujeitos subordi<strong>na</strong>dos em função das suas identidades<br />

culturais (sexuais, de gênero, de geração, de classe e/ou étnico-raciais).<br />

A abordagem dos Direitos Humanos<br />

A partir dos anos de 970, no Ocidente, intensificaram-se as discussões acerca<br />

da exclusão social. Os movimentos sociais críticos e suas denúncias <strong>sobre</strong> as desigualdades<br />

chamaram a atenção para a inexistência da universalidade dos direitos<br />

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