Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...
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A meu ver, é preciso dialogar sobre as questões psicológicas e sociais que envolvem a sexualidade quando pensamos na diversidade, no caso, na deficiência. Neste sentido, é imperativo refletir sobre as seguintes questões: 286 a) Como é possível questionar uma imagem corporal baseada na valorização de um corpo supostamente perfeito, quando os meios de comunicação de massas nos quais essa imagem é divulgada se multiplicam e se tornam cada vez mais abrangentes? b) Como trabalhar a questão da auto-estima em relação às pessoas consideradas diferentes, se o padrão ao qual elas não correspondem não for também questionado por todos os que se acercam delas? c) Como considerar a reprodução como uma escolha possível entre deficientes quando a descendência pode reproduzir a imagem do imperfeito que tantos de nós tememos? Como poderemos refletir sobre este e outros medos relacionados à questão da deficiência? d) Como contribuir para diminuir o preconceito em relação aos sujeitos deficientes? Como nosso trabalho ou nossa prática social reflete aspectos desse preconceito ou o questiona? e) Como proceder em relação às condições desvantajosas criadas pelo preconceito se considerarmos que, eventualmente, às deficiências somam-se outras características consideradas desvantajosas, como pobreza, raça, etnia, gênero, orientação afetivo-sexual etc.? f ) Como pensar a pessoa gay, lésbica ou transgênero que é também deficiente? Se a sociedade limita e não favorece a possibilidade de essas pessoas encontrarem pares, exercitarem as relações afetivas e sexuais, quais as chances de exteriorizarem o desejo homossexual já que se trata de deficientes? g) No caso da orientação afetivo-sexual, como as pesquisas, os estudos teóricos, a comunidade e os grupos de deficientes têm debatido esta questão? O silêncio sobre o assunto reforça valores e crenças com base nos quais as deficiências são pensadas apenas a partir da heterossexualidade e, mais exatamente, da heteronormatividade? Se se desconsidera que a experiência da sexualidade é individual, também são desconsiderados os diferentes desejos inerentes a qualquer ser humano. É indispensável refletir constantemente sobre estas e outras questões e problematizá-las, principalmente porque a omissão diante do preconceito e da violên-
cia inerente a tais padrões reforça a discriminação e impede a inclusão social de todos. Lidar com os ideais de normalidade existentes em nossa sociedade é difícil para qualquer um de nós, mas é muito mais difícil para “pessoas com deficiência”, especialmente quando se trata da deficiência mental e da física. No cenário da educação, mais do que indispensável, é inadiável pensarmos criticamente esta questão se desejamos construir uma sociedade inclusiva e efetivamente democrática. Referências ALVES, Francisca Elenir; SOARES, Viani da Silva. Meninos e meninas: universos diferenciados na família e na escola. In: FAGUNDES, Tereza Cristina Pereira Carvalho (Org.). Ensaios sobre gênero e educação. Salvador: UFBA, 00 . p. - 8. ALZUGARAY, Domingo; ALZUGARAY, Cátia (Eds.). Enciclopédia da sexualidade. São Paulo: Oceano, 99 . AMARAL, Lígia. Assumpção. Adolescência/deficiência: uma sexualidade adjetivada. Temas em Psicologia, São Paulo, n. , p. 7 -79, 994. AMOR PAN, José Ramón. Afetividade e sexualidade na pessoa portadora de deficiência mental. São Paulo: Loyola, 00 . ARANHA, Maria Salete Fábio. Integração social do deficiente: análise conceitual e metodológica. Temas em Psicologia, São Paulo, n. , p. -70, 99 . ______. Paradigmas da relação entre a sociedade e as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, ano , n. , p 0- 7 , 00 . ASSUMPÇÃO JUNIOR, Francisco Baptista; SPROVIERI, Maria Helena Siqueira. Deficiência mental, família e sexualidade. São Paulo: Memnon, 99 . BLACKBURN, Maddie. Sexuality and disability. Oxford: Butterworth Heinemann, 00 . CAMPOS, Miriam Piber. Identidades “anormais”: a desconstrução dos corpos “deficientes”. 29ª Reunião Anual da Anped. 00 . Disponível em: . Acesso em 7. out. 00 . CHAUÍ, Marilena. Repressão sexual. São Paulo: Brasiliense, 98 . 287
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A meu ver, é preciso dialogar <strong>sobre</strong> as questões psicológicas e sociais que<br />
envolvem a sexualidade quando pensamos <strong>na</strong> diversidade, no caso, <strong>na</strong> deficiência.<br />
Neste sentido, é imperativo refletir <strong>sobre</strong> as seguintes questões:<br />
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a) Como é possível questio<strong>na</strong>r uma imagem corporal baseada <strong>na</strong> valorização<br />
de um corpo supostamente perfeito, quando os meios de comunicação de<br />
massas nos quais essa imagem é divulgada se multiplicam e se tor<strong>na</strong>m cada<br />
vez mais abrangentes?<br />
b) Como trabalhar a questão da auto-estima em relação às pessoas consideradas<br />
diferentes, se o padrão ao qual elas não correspondem não for também<br />
questio<strong>na</strong>do por todos os que se acercam delas?<br />
c) Como considerar a reprodução como uma escolha possível entre deficientes<br />
quando a descendência pode reproduzir a imagem do imperfeito que tantos<br />
de nós tememos? Como poderemos refletir <strong>sobre</strong> este e outros medos relacio<strong>na</strong>dos<br />
à questão da deficiência?<br />
d) Como contribuir para diminuir o preconceito em relação aos sujeitos deficientes?<br />
Como nosso trabalho ou nossa prática social reflete aspectos desse<br />
preconceito ou o questio<strong>na</strong>?<br />
e) Como proceder em relação às condições desvantajosas criadas pelo preconceito<br />
se considerarmos que, eventualmente, às deficiências somam-se<br />
outras características consideradas desvantajosas, como pobreza, raça, etnia,<br />
gênero, orientação afetivo-sexual etc.?<br />
f ) Como pensar a pessoa gay, lésbica ou transgênero que é também deficiente?<br />
Se a sociedade limita e não favorece a possibilidade de essas pessoas encontrarem<br />
pares, exercitarem as relações afetivas e sexuais, quais as chances de<br />
exteriorizarem o desejo homossexual já que se trata de deficientes?<br />
g) No caso da orientação afetivo-sexual, como as pesquisas, os estudos teóricos,<br />
a comunidade e os grupos de deficientes têm debatido esta questão?<br />
O silêncio <strong>sobre</strong> o assunto reforça valores e crenças com base nos quais as<br />
deficiências são pensadas ape<strong>na</strong>s a partir da heterossexualidade e, mais exatamente,<br />
da heteronormatividade? Se se desconsidera que a experiência da<br />
sexualidade é individual, também são desconsiderados os diferentes desejos<br />
inerentes a qualquer ser humano.<br />
É indispensável refletir constantemente <strong>sobre</strong> estas e outras questões e problematizá-las,<br />
principalmente porque a omissão diante do preconceito e da violên-