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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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No centro dos modos de subjetivação brasileira deparamos com movimentos<br />

de organização social e política das travestis e transexuais brasileiras, que passam a<br />

reivindicar direitos a ter direitos, participando das tomadas de decisões e reivindicando<br />

respeito e diálogo para com as diferenças. Esses processos de participação e<br />

organização social e política, que chamamos de promoção da cidadania, podem ser<br />

entendidos através do que Foucault ( 00 ) denominou de encontros com o poder.<br />

Foucault apropria-se da teoria das forças nietzschia<strong>na</strong> para conceber uma<br />

teoria <strong>sobre</strong> o poder que não se centraria em algo ou alguém, mas se efetuaria por<br />

todas as relações huma<strong>na</strong>s, amparadas por dispositivos de saberes e práticas que,<br />

por sua vez, se orientariam pelas idéias de norma, discipli<strong>na</strong> e controle; trata-se do<br />

surgimento de um biopoder: um poder que deixa de produzir morte para centrarse<br />

<strong>na</strong> defesa da vida. A trilogia formada por norma, discipli<strong>na</strong> e controle promove<br />

uma biotecnologia de controle dos corpos e de regulação das populações, estabelecendo<br />

uma subjetivação de normatização, que administrará a manutenção da ordem<br />

estabelecida, com seus valores, sentidos e discursos, e excluirá e punirá qualquer<br />

expressão da existência que se contraponha aos modelos dados. Por sorte, como bem<br />

aponta Foucault ( 98 ), todo poder traz em seu bojo um contra-poder, ou seja, toda<br />

imposição feita pelo poder terá, no sentido contrário, uma resistência.<br />

Seguindo os passos de Foucault de que o poder se dá em todas as relações,<br />

e tomando os processos de estigmatização como relações sociais e de poder, é importante<br />

observar que a organização social e política das travestis brasileiras vem<br />

ganhando visibilidade no cenário <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, mostrando-se madura e pertinente em<br />

suas reivindicações, construindo uma nova configuração de luta que eu gostaria de<br />

chamar de culturas de resistência:<br />

[...] criadas por atores que se encontram em posição/condição<br />

desvalorizada e/ou estigmatizada pela lógica da domi<strong>na</strong>ção,<br />

construindo, assim, trincheiras de resistência e <strong>sobre</strong>vivência<br />

com base em princípios diferentes dos que permeiam as<br />

instituições da sociedade, ou mesmo, opostos a estes últimos.<br />

(CASTELLS, 999: 4).<br />

A partir da clarificação das estratégias, consolidadas nos encontros e <strong>na</strong>s capacitações<br />

dirigidas à população de travestis, transexuais e transgêneros, ações de resistência<br />

são formadas <strong>na</strong>s mais diversas localidades brasileiras, permitindo que elas<br />

e transexuais, sendo usado de maneira a congregar travestis e transexuais. Nos anos seguintes, dado o<br />

processo de construção de especificidades identitárias, passou-se a distinguir o termo transgênero de<br />

travesti e de transexual.<br />

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