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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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Neste sentido, em nós habitariam diversas possibilidades de vir a ser, de modo que a<br />

pergunta <strong>sobre</strong> se uma pessoa “é” isso ou aquilo (homossexual/heterossexual) perde<br />

a sua função e importância ao ser substituído pela dimensão do “estar sendo”.<br />

A dimensão da multiplicidade mostra que em cada situação relacio<strong>na</strong>l nos expressamos<br />

de formas diferentes, variando de grupo para grupo, de pessoa para pessoa,<br />

marcando a necessidade de uma ampliação de nossos universos de referências para<br />

que possamos ser mais respeitosos com as expressões das diferenças. Isto exige um<br />

trabalho pessoal de aproximação e diálogos com pessoas, valores e espaços que diferem<br />

de nós mesmos, de modo a diminuir as nossas ignorâncias e a produzir novos<br />

“modos de existencialização” em que a vida possa ser tomada como valor maior.<br />

Sendo assim, de maneira mais aberta, vou tentar nos aproximar um pouco mais<br />

do universo das travestis, transexuais e transgêneros, através do mapeamento das ce<strong>na</strong>s<br />

vividas e expressadas por essas pessoas em seus cotidianos existenciais, de forma a demarcar<br />

alguns processos de estigmatização e os modos de subjetivação. Processos de<br />

estigmatização são aqueles em que as pessoas, ao romperem com os modelos previamente<br />

dados pela normatização, ficam marcadas negativamente, depreciadas a ponto<br />

de serem desprovidas de direitos a ter direitos, aproximando-se daquilo que Judith<br />

Butler ( 00 ) vem nomeando como corpos abjetos. Esses processos podem ser vistos<br />

através dos encontros diversos que mantemos cotidia<strong>na</strong>mente com o universo de travestis,<br />

transexuais e transgêneros. Os processos de estigmatização vividos por travestis<br />

e transexuais denotam toda a organização de suas subjetividades, construídas ao longo<br />

das relações que estabelecem com os outros, com o mundo e consigo mesmas.<br />

Neste sentido, quando falamos de subjetividade, estamos nos referindo às<br />

maneiras com que as pessoas são colocadas à disposição do campo social. Ou seja,<br />

dependendo da forma como são concebidas as práticas relacio<strong>na</strong>is (com seus valores,<br />

sentidos e discursos), teremos a construção de determi<strong>na</strong>dos modos de existir no<br />

mundo, estabelecidos em decorrência do que Felix Guattari e Suely Rolnik ( 98 )<br />

denomi<strong>na</strong>m processos de subjetivação, concebendo os mesmos como construídos nos<br />

registros do social, do político e do cultural.<br />

Assim, ao <strong>na</strong>scer, o ser humano cai em uma rede de saber-poder que determi<strong>na</strong>m<br />

os modelos existenciais, em sua maioria marcados por modos capitalistas,<br />

cristãos, patriarcalistas e heterossexistas, em uma perspectiva de dobragem binária,<br />

premiando os normatizados com respeito e oportunidades, e castigando as diferenças<br />

com desprezos e obstáculos. Esses processos de subjetivação (BAREMBLITT,<br />

99 ; GUATTARI e ROLNIK, 98 ) podem ser entendidos como de duas ordens:<br />

normatizadores e/ou singularizadores.<br />

1 Mesmo antes de <strong>na</strong>scer os corpos já são carregados de significados, tor<strong>na</strong>m-se alvos de atenção, controle,<br />

expectativas e investimentos sociais.<br />

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