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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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em nome do amor muda-se de vida, constrói-se um novo projeto, abre-se mão<br />

dele e, por vezes, da própria vida (chega a ser justificado morrer de amor), dentre<br />

outras coisas. Entretanto, “a relação de homens e mulheres com o amor tem tido<br />

historicamente diferentes significados e importância” (ibid.: ).<br />

Tomando um, dentre tantos exemplos ba<strong>na</strong>is que caracterizam o jogo amoroso/sexual<br />

no programa “Fica Comigo” (e, eu diria, também <strong>na</strong> vida), em que a<br />

apresentadora pede aos interessados e às interessadas uma “prova de amor” para<br />

o/a querido/a do dia, Rosângela tor<strong>na</strong> visíveis algumas dessas diferentes posições<br />

atribuídas a homens e a mulheres nessa relação. Diz a apresentadora aos interessados<br />

pela querida: Segundo o papo que nós tivemos com a A<strong>na</strong> Paula, nós sabemos o que<br />

faz perder ou ganhar pontos com ela. A<strong>na</strong> Paula é bem romântica. Qual a maior prova<br />

de amor que vocês dariam para ela? A questão apresentada às interessadas pelo<br />

querido, no entanto, assumiu a seguinte formulação: Você e o Jeferson estão completando<br />

um ano de <strong>na</strong>moro e, para comemorar a data, ele pede para vocês realizarem um<br />

antigo sonho dele: uma fantasia/fetiche. Qual fantasia vocês escolheriam usar para ele?<br />

A análise da autora nos faz ver que a inserção da informação de que A<strong>na</strong> Paula<br />

é romântica, <strong>na</strong> pergunta em que se pede a enunciação de uma prova de amor,<br />

direcio<strong>na</strong> as respostas dos candidatos para o campo do amor romântico. Enquanto<br />

isso, a pergunta referente ao Jeferson, também denomi<strong>na</strong>da de prova de amor, é<br />

direcio<strong>na</strong>da para o campo da sexualidade (ibid: 0 ).<br />

Que implicações um encaminhamento como este pode ter? Dentre outras<br />

coisas, é possível visibilizar, neste caso, a suposição <strong>na</strong>turalizada de que “a conduta<br />

adequada de gênero está intimamente relacio<strong>na</strong>da a práticas sexuais e amorosas<br />

apropriadas” (SOARES, 00 : ), que só se tor<strong>na</strong>m possíveis em relações de<br />

poder que procuram “colar’” certas identidades sexuais e amorosas a um determi<strong>na</strong>do<br />

gênero que precisa ser exercitado desde muito cedo. Por isso, elas são<br />

reiteradas (e também contestadas) em quase todos os espaços pelos quais nos<br />

movimentamos. Duas imagens a<strong>na</strong>lisadas <strong>na</strong> tese de doutorado em que Jime<strong>na</strong><br />

Furlani ( 00 ) discute representações de gênero e de sexualidade, destacadas de<br />

livros paradidáticos infantis, são particularmente interessantes para visualizarmos<br />

como essa operação de poder é retomada e exercitada em um contexto completamente<br />

diverso deste da TV. Nessas imagens, meninos e meni<strong>na</strong>s assumem distintas<br />

posições de sujeito no que se refere ao amor e ao exercício da sexualidade e,<br />

com isso, reforça-se a relação de continuidade entre sexo-gênero-sexualidade no<br />

domínio da heteronormatividade.<br />

3 As citações que integram o “material empírico” a<strong>na</strong>lisado <strong>na</strong>s pesquisas aqui referenciadas estão apresentadas,<br />

sempre, no corpo do texto principal e em itálico.<br />

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