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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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ca”, pelas brincadeiras [...] pela competição monetária [...]. Em<br />

todo caso, o recurso ao tropo da homossexualidade é recorrente.<br />

Esta é entendida como desempenho de um papel passivo, penetrado,<br />

numa relação fantasiosa, em que o “ativo” e penetrador<br />

não perde, pelo fato, masculinidade (ALMEIDA, 99 : 89).<br />

Assim sendo, não deveria surpreender que as ansiedades, as angústias e os<br />

medos de se perder o reconhecimento da virilidade sejam fontes inesgotáveis de<br />

sofrimento. Como, de resto, já observava Bourdieu:<br />

Certas formas de “coragem” [...] – como as que, nos ofícios de<br />

construção, em particular, encorajam e pressio<strong>na</strong>m a recusar as<br />

medidas de prudência e a negar ou a desafiar o perigo com<br />

condutas de exibição de bravura, responsáveis por numerosos<br />

acidentes – encontram seu princípio, paradoxalmente, no medo<br />

de perder a estima ou a consideração do grupo, de “quebrar a<br />

cara” diante dos “companheiros” e de se ver remetido à categoria,<br />

tipicamente femini<strong>na</strong>, dos “fracos”, dos “delicados”, das<br />

“mulherzinhas”, dos “veados”. Por conseguinte, o que chamamos<br />

de “coragem” muitas vezes tem suas raízes em uma forma<br />

de covardia: [...] basta lembrar todas as situações em que, para<br />

lograr atos como matar, torturar ou violentar, a vontade de domi<strong>na</strong>ção,<br />

de exploração ou de opressão baseou-se no medo “viril”<br />

de ser excluído do mundo dos “homens” sem fraquezas, dos<br />

que são por vezes chamados de “duros” porque são duros para<br />

com o próprio sofrimento e <strong>sobre</strong>tudo para com o sofrimento<br />

dos outros [...] (BOURDIEU, 999: ).<br />

Os efeitos disso se fazem sentir de modo transversal e exponencial. O prejuízo<br />

é geral; o desconforto, permanente; e o risco de violência paira constantemente<br />

no ar. É preciso, assim, atentar para o fato de que a lógica de “homossociabilidade<br />

homofóbica” própria de determi<strong>na</strong>dos espaços sociais (como bares, times e torcidas<br />

organizadas de futebol, forças armadas, inter<strong>na</strong>tos, conventos, seminários etc.) pode<br />

encontrar, no interior das escolas, novos meios e oportunidades para produzir, reproduzir<br />

ou alimentar mecanismos de discrimi<strong>na</strong>ção e violência contra estudantes<br />

mulheres, LGBT, bem como todo indivíduo cuja expressão de gênero parecer destoar<br />

da tida como convencio<strong>na</strong>l.

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