18.08.2013 Views

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ao entendermos que os sujeitos são produzidos desde o <strong>na</strong>scimento através<br />

de múltiplas instâncias sociais, buscamos <strong>na</strong>s histórias <strong>na</strong>rradas pelos professores<br />

gays e pela professora lésbica conhecer e compreender alguns episódios relativos<br />

à construção das suas identidades sexuais, a fim de problematizarmos os processos<br />

culturais, históricos, lingüísticos e simbólicos mais amplos e profundos que estão<br />

envolvidos <strong>na</strong> constituição das identidades desses sujeitos como homossexuais.<br />

Entre as histórias que contam, há várias recordações <strong>sobre</strong> como e quando<br />

se “perceberam homossexuais”. Esses professores comentam que, desde a infância,<br />

mostravam interesses por coisas que <strong>na</strong> nossa sociedade são ditas próprias do sexo<br />

oposto como:<br />

Nossa, acho que quando eu era criança, cara, eu sempre senti<br />

esse lado que eu não sabia o que era. Desde pequeno, eu sempre<br />

gostei do lado da força femini<strong>na</strong>. Os meus grandes ídolos eram<br />

a mulher maravilha, a mulher biônica, coisas assim. Eu não sabia<br />

o que era ser homossexual (Prof. Romeu).<br />

198<br />

Olha, <strong>na</strong> verdade, desde criança, eu gostava de bonecas e coisas<br />

deste tipo (Prof. Otaviano).<br />

Podemos perceber nessas falas o marcador social de gênero agindo como um<br />

dos definidores da identidade sexual, à medida que são acio<strong>na</strong>dos alguns atributos<br />

de gênero culturalmente estabelecidos como femininos e bi<strong>na</strong>riamente vinculados<br />

às mulheres, como: a mulher maravilha, a mulher biônica, o gosto por bonecas e<br />

“coisas de mulheres”.<br />

Embora a força do bi<strong>na</strong>rismo nos leve, em geral, a pensar identidades de<br />

gênero e identidades sexuais como quase sinônimas ou como coisas indissociáveis, é<br />

necessário reter que identidades de gênero e identidades sexuais não se superpõem e<br />

podem inclusive trilhar percursos distintos, aparentemente incoerentes. Como nos<br />

lembra Louro ( 004: 7),<br />

[...] a identidade é assegurada através de conceitos estáveis de<br />

sexo-gênero e sexualidade; mas há sujeitos de gênero “incoerentes”,<br />

“descontínuos”, indivíduos que deixam de se conformar<br />

às normas generificadas de inteligibilidade cultural pelas quais<br />

todos deveriam ser definidos.<br />

Um destes exemplos em Louro ( 004: 8 ) é o perso<strong>na</strong>gem da drag queen, que<br />

“assume, explicitamente, que fabrica seu corpo; ela intervém, esconde, agrega, expõe<br />

[dissimulando o pênis, incluindo seios e cílios postiços, muito blush]”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!