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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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No caso das crianças, uma estratégia muito acio<strong>na</strong>da consiste no controle do<br />

brincar. O brincar e o brinquedo são, portanto, nesse contexto, um instrumento de<br />

poder que é acio<strong>na</strong>do constantemente para definir/produzir determi<strong>na</strong>das formas<br />

de gênero. Pensar que o brincar faz parte da “<strong>na</strong>tureza infantil” com um fim em si<br />

mesmo é não problematizá-lo. Em suas pesquisas, Felipe ( 999), Guizzo ( 00 ),<br />

Guerra ( 00 ) e Bello ( 00 ) demonstraram como as professoras criam estratégias<br />

sutis (às vezes nem tanto) para que os brinquedos e as brincadeiras sejam utilizados<br />

de forma a garantir as normas de gênero.<br />

Esse tipo de encaminhamento dado pela educadora A<strong>na</strong> nos leva a pensar<br />

o quanto, para os meninos, esse distanciamento da matriz tor<strong>na</strong>-se mais aparente,<br />

menos permitido, mais regulado, e em grande medida, mais problemático. É como<br />

se as “garras” da heteronormatividade, assim como acontece com as pinças dos caranguejos,<br />

não possuíssem o mesmo tamanho e a mesma força. Elas acabam aprisio<strong>na</strong>ndo<br />

todos, entretanto, não da mesma maneira.<br />

Em uma das entrevistas realizadas com as crianças, foi possível perceber<br />

como também as meni<strong>na</strong>s são cuidadosamente guiadas rumo à heterossexualidade<br />

(BELLO, 00 ). Quanto mais perto da matriz elas chegarem, menos sofrerão. Não<br />

um sofrimento futuro de talvez serem discrimi<strong>na</strong>das por sua condição de sexualidade<br />

e gênero, mas um sofrimento presente, uma punição aos corpos para, a partir<br />

deles (dos corpos), a alma ser tocada.<br />

É por meio do suplício, da pressão psicológica, da violência que se vai forjando<br />

o menino e a meni<strong>na</strong> que se deseja. O suplício, ao longo do tempo, vai sendo<br />

substituído pelo autogoverno. Na escola, a prática da violência se dá pela persuasão<br />

(sem descartar o constrangimento). Passa-se a exercer um poder <strong>sobre</strong> o próprio<br />

sujeito, entretanto, este só aprende a se autovigiar (autogover<strong>na</strong>r) a partir de uma<br />

vigilância anterior e exter<strong>na</strong>. Daí, podermos supor que a escola é baseada <strong>na</strong> vigilância,<br />

é uma máqui<strong>na</strong> que nos introjeta o cuidado de si. Esse é outro argumento <strong>na</strong><br />

caracterização da escola como uma espécie de panóptico (FOUCAULT, 999).<br />

<strong>Educação</strong> para a sexualidade: alguns aspectos a<br />

considerar <strong>na</strong> formação docente<br />

A partir das considerações até aqui feitas, podemos nos perguntar: quais<br />

as estratégias utilizadas pela escola para a reiteração do heterossexismo? Quais<br />

as <strong>na</strong>rrativas que são acio<strong>na</strong>das no âmbito escolar <strong>sobre</strong> masculinidade e feminilidade?<br />

Como são tratados aqueles que se afastam da matriz heterossexual?<br />

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