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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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permeadas por uma série de “liberdades” que umas podem ter em relação às outras.<br />

As manifestações de carinho, em certa medida, são autorizadas, em alguns casos,<br />

até estimuladas. Não nos causa estranheza ver meni<strong>na</strong>s passeando de mãos dadas,<br />

trocando afagos, beijando-se no rosto. Essas manifestações parecem nos indicar<br />

que a sua feminilidade está sendo “garantida”, pois se espera das meni<strong>na</strong>s que sejam<br />

carinhosas, meigas, cuidadoras, que se mantenham distantes das brincadeiras<br />

violentas, barulhentas, que elas prescindam de movimentos amplos. Às meni<strong>na</strong>s é<br />

imposta uma série de regulações, não há dúvida disso, porém cabe aqui ressaltar<br />

que se esses comportamentos partissem dos meninos, seriam considerados um<br />

claro “afastamento” da matriz heterossexual. Rapidamente seriam acio<strong>na</strong>dos uma<br />

série de mecanismos para tentar colocar esse menino <strong>na</strong> órbita certa. Bello ( 00 ),<br />

em sua pesquisa, observou a seguinte situação:<br />

[...] [A<strong>na</strong>] havia me “alertado” que o menino Sílvio costumava<br />

ter comportamentos “estranhos”, fazendo uma alusão ao cruzamento<br />

das fronteiras de gênero [...]<br />

Sílvio brinca com uma boneca Barbie que está à disposição<br />

<strong>na</strong> sala, penteando-a cuidadosa e longamente, o que não<br />

causa nenhum estranhamento nos colegas; a educadora parece<br />

sentir-se incomodada com tal situação e sugere que o<br />

menino largue a boneca e vá brincar com os demais colegas<br />

(Diário de campo, /08/0 ).<br />

As educadoras, quando buscam de forma insistente conduzir as crianças para<br />

um determi<strong>na</strong>do tipo de brincadeira, estão transformando o brincar e o brinquedo<br />

em poderosos “instrumentos pedagógicos”. Neste sentido, é importante lembrar que<br />

não só a escola, mas várias outras instâncias sociais, tais como a família, a igreja, a<br />

mídia, costumam, por meio de seus discursos, aprisio<strong>na</strong>r, controlar, regular os sujeitos,<br />

subjetivando-os a partir de discipli<strong>na</strong>mentos que são próprios da cultura <strong>na</strong><br />

qual estão inseridos (BUJES, 000). Caso o sujeito não dê conta desse conjunto de<br />

ditames e discipli<strong>na</strong>mentos, poderá vir a ser desconsiderado como indivíduo, destacando-se<br />

assim dos ditos “normais”. Ao ser categorizado como um ser diferente dos<br />

demais, prescindirá de tratamento individualizado. Essa individualização nos parece<br />

crítica, pois se passa da condição de sujeito – submetido às regras da cultura – para<br />

uma condição anterior, uma condição em que uma ressocialização se faz necessária<br />

<strong>na</strong> tentativa de impor ao sujeito novas regras discipli<strong>na</strong>res.<br />

5 Os nomes aqui citados são fictícios para preservar a identidade dos sujeitos da pesquisa.<br />

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