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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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quem eles podem dialogar, embora nem sempre tenham as mesmas opiniões. O<br />

professor é um importante adulto de referência, por vezes a primeira pessoa fora<br />

do círculo familiar com quem a criança ou o adolescente pode conversar com<br />

franqueza <strong>sobre</strong> temas do seu cotidiano. Novamente repito: a escola é um lugar de<br />

aprendizagens, e o professor deve conduzir sua relação com os alunos no sentido<br />

de explorar as possibilidades desta aprendizagem.<br />

O ingresso, a acolhida e a efetiva inclusão de alunos gueis, alu<strong>na</strong>s lésbicas e<br />

jovens travestis, para ficar ape<strong>na</strong>s nesses três exemplos de diversidade sexual, exigem<br />

da estrutura escolar muita modificação. A primeira é a abolição das piadas e das<br />

manifestações sexistas, tão comuns entre professores e professoras, acerca dos alunos<br />

e das alu<strong>na</strong>s “diferentes” dos padrões heterossexuais ditos “normais”. Não é possível<br />

educar num ambiente de falta de respeito, e a agressão – verbal e até mesmo física<br />

– tem sido uma arma de expulsão de indivíduos que não se enquadram <strong>na</strong> regra da<br />

heteronormatividade. É necessário construir um ambiente de respeito e aceitação, o<br />

que não significa permitir que todos os desejos dos alunos em relação à vida amorosa<br />

e particularmente sexual sejam admitidos <strong>na</strong> escola. Mas as regras que valem<br />

para os <strong>na</strong>moros entre moças e rapazes devem ser as mesmas para os <strong>na</strong>moros entre<br />

rapazes ou entre moças. Por que não se aceitaria que dois alunos ficassem de mãos<br />

dadas no recreio, se aceitamos que um rapaz e uma moça façam isso? Se a escola<br />

estabeleceu limites para os <strong>na</strong>moros em termos de contato físico (beijos, “amassos”<br />

etc.), estas regras devem servir para os diferentes tipos de casais que se constituem.<br />

E todos devem cumpri-las.<br />

A escola é um espaço público. É o local onde os alunos podem aprender de<br />

forma intensa a negociar as regras de convívio em espaços públicos, conhecimento<br />

que será necessário até o fim da vida. O estigma e a discrimi<strong>na</strong>ção são barreiras à<br />

construção da cidadania ple<strong>na</strong> de qualquer indivíduo. Não devem, portanto, ser admitidos<br />

no espaço escolar. Isto não vale ape<strong>na</strong>s para os indivíduos que apresentam<br />

orientação sexual diferente daquela tida como “normal”. Na escola pública, o aluno<br />

intensamente evangélico precisa aprender a respeitar o aluno que professa uma religião<br />

afro, e vice-versa; a alu<strong>na</strong> heterossexual deve aprender a respeitar sua colega<br />

lésbica, e vice-versa; alunos que manifestam diferenças de pertencimento partidário<br />

precisam aprender a discutir e se respeitar; alunos mais velhos precisam respeitar os<br />

alunos mais novos, e vice-versa; professores e alunos necessitam demonstrar respeito<br />

uns pelos outros, em particular por conta das diferenças de geração e de posição<br />

hierárquica; alunos brancos devem compreender e respeitar os alunos negros, e todos<br />

precisam perceber que o peso dos 400 anos de regime escravista ainda é muito<br />

forte <strong>na</strong> estruturação da sociedade brasileira; alu<strong>na</strong>s que decidem manter-se virgens<br />

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