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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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que há diversos grupos <strong>na</strong> sociedade que ainda pressio<strong>na</strong>m a escola para que ela<br />

seja uma aliada nos processos de exclusão. Dizendo de novo, num país onde tão<br />

poucos têm acesso a tantos benefícios e riquezas, é bastante plausível pensar que<br />

estes poucos, que detêm grande influência <strong>sobre</strong> o funcio<strong>na</strong>mento do aparelho<br />

estatal e particularmente da mídia, queiram ter a escola como aliada no sentido<br />

de manter tal situação, engrossando o contingente dos excluídos, e jogando neles<br />

a culpa da própria exclusão.<br />

Antes de passar adiante <strong>na</strong> argumentação, queria me demorar um pouco<br />

mais <strong>na</strong> compreensão das dinâmicas de exclusão <strong>na</strong> escola. O aparelho escolar<br />

foi montado a partir de um sem-número de pequenos procedimentos, mínimos<br />

rituais, roti<strong>na</strong>s, obrigações, códigos de direitos e deveres, construídos através da<br />

ótica da exclusão e da segregação dos alunos em grupos particulares. A idéia de<br />

que o aluno que está incomodando deve ser expulso da sala de aula é recorrente,<br />

assim como a de que quem não apresenta um bom rendimento escolar tem que<br />

ser expulso de um determi<strong>na</strong>do grupo e colocado em outro. Há muitas visões: o<br />

aluno que é um pouco mais velho tem que ser colocado junto com os mais velhos;<br />

uma outra que esteve em vigência por muitos anos: meninos estudam com<br />

meninos, e meni<strong>na</strong>s estudam com meni<strong>na</strong>s; e ainda: alunos que têm deficiências<br />

físicas ou mentais devem estudar junto com os outros alunos que também são<br />

portadores das mesmas deficiências etc.<br />

Nós professores precisamos reconhecer que fomos formados por um pensamento<br />

pedagógico que nos faz olhar para uma turma de alunos, e começar a<br />

retirar de dentro dela tudo o que em princípio “atrapalha”: aquele aluno ali que vive<br />

bagunçando poderia ser expulso; aquela alu<strong>na</strong> que engravidou tomara que saia da<br />

escola, porque senão vai atrapalhar, vai exigir cuidados especiais; alunos cegos ou<br />

surdos, nem pensar em estar <strong>na</strong> minha sala de aula, atrapalham demais; como vou<br />

criar atividades levando isso em conta e ainda atender aos “normais”; alunos com<br />

deficiência mental não podem estar junto com os demais, serão fatalmente motivo<br />

de gozação e piadas; aqueles que já “descobriram” sua sexualidade constituem um<br />

perigo junto aos que ainda não a descobriram, e devem então ser separados. E isso<br />

sem falar de sociedades e países onde negros e brancos, ricos e pobres, plebeus e<br />

nobres não podiam estudar juntos.<br />

Exige de cada professor uma grande dose de força e de empenho pedagógico<br />

olhar para uma turma de alunos e alu<strong>na</strong>s, com tanta gente diferente, e<br />

dizer: todos aqui podem aprender, e todos aqui têm algo a ensi<strong>na</strong>r para os demais.<br />

Isto é algo que está <strong>na</strong> contramão de quase tudo que se vive <strong>na</strong> sociedade,<br />

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