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Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a ...

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ção” <strong>na</strong> fase <strong>na</strong>rcísica, responsável por tor<strong>na</strong>r o amor-sexual, para o homossexual,<br />

uma experiência sempre condicio<strong>na</strong>da a encontrar um órgão genital semelhante ao<br />

dele. Terceiro fator, problemas relativos à chamada travessia da castração, isto é, dificuldades<br />

emocio<strong>na</strong>is relativas a perdas e à idéia de morte, que deixariam o indivíduo<br />

resig<strong>na</strong>do ou acomodado <strong>na</strong> sua psico(homo)ssexualidade.<br />

Nesses termos, a homossexualidade ilustraria uma falha no evento psíquico<br />

que se sucederia ao momento origi<strong>na</strong>l no qual, <strong>na</strong> infância, a fixação libidi<strong>na</strong>l se<br />

realizaria a partir da imagem de si – não distinguindo outro traço senão o igual<br />

– que, desde então, funcio<strong>na</strong>ria como o protótipo dos objetos que poderiam provocar<br />

a atração sexual. Como é sabido, para a teoria freudia<strong>na</strong> e de seus sucessores, o<br />

ser humano, enquanto ser da linguagem e para passar de virtual a qualquer coisa a<br />

mais, terá que atravessar uma crise psíquica singular em seus efeitos, que provocaria<br />

ordi<strong>na</strong>riamente o abandono da (primeira) imagem de si em proveito de uma imagem<br />

substitutiva. Descartado que não se trata da realidade animal, em que não há escolha,<br />

mas pré-formatação instintual do sexo, no ser falante o <strong>na</strong>rcisismo (o amor da<br />

imagem de si) se encontraria <strong>na</strong> origem da escolha e da relação libidi<strong>na</strong>l e manteria<br />

uma tensão nostálgica e desvalorizadora em relação aos futuros objetos substitutos<br />

da imagem de si. A crise psíquica que causaria o abandono do primeiro objeto e<br />

suas substituições foi teorizada por Freud como a do Édipo e, desde aí, a atenção<br />

voltou-se para o acesso à sexualidade huma<strong>na</strong> como uma realidade produzida num<br />

processo singular, caso único entre todas as espécies animais, por se produzir a partir<br />

de uma realidade não biológica mas psíquica e social. (Sem dúvida, definir o caráter<br />

psíquico e social da sexualidade huma<strong>na</strong> é uma importante contribuição de Freud<br />

para um tema que o aproxima em quase tudo da antropologia, pois essa sexualidade<br />

que é uma realidade psíquica é cultural/social no sentido antropológico, isto é,<br />

realidade que é construção de uma configuração cultural particular, que coloca cada<br />

um no roteiro que terá que seguir no drama das instituições em cada cultura – a<br />

própria psicanálise podendo ser inscrita num projeto de uma antropologia geral).<br />

Mas se segue que aquilo que era, em certo sentido, uma teorização revolucionária<br />

em Freud – retirar o sexual do campo do biológico e inscrevê-lo <strong>na</strong> cultura – vai<br />

se tor<strong>na</strong>r também o ponto de partida de elaborações de um pensamento <strong>sobre</strong> a<br />

homossexualidade (e já no próprio Freud) que não se distanciaram do preconceito<br />

de pensá-la como adquirida por vias que a afastariam do percurso normal da sexualidade,<br />

aquisição esta que se poderia explicar.<br />

Dispondo da teoria do Édipo, o modelo freudiano proporá que, se o objeto<br />

desejado não encar<strong>na</strong> a prevalência do objeto substituto – o outro, o diferente<br />

(héteros) – <strong>sobre</strong> o amor de si – o igual, o mesmo (homós) –, algo de errado terá se<br />

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