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Manual de Atenção à Saúde da Criança Indígena Brasileira

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no interior <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> oral, mas acontecem num processo dinâmico e estreitamente relacionado<br />

ao nosso modo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, o qual está condicionado por fatores socioeconômicoculturais,<br />

que interferem na saú<strong>de</strong> do indivíduo e <strong>da</strong> população.<br />

Vitor Gomes Pinto, recomen<strong>da</strong> que “o trabalho odontológico junto <strong>à</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

indígenas <strong>de</strong>va basear-se em quatro princípios:<br />

a) respeito <strong>à</strong>s tradições e aos costumes tribais;<br />

b) não interferência na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> al<strong>de</strong>ia, com implantação <strong>de</strong> serviços curativos e hábitos<br />

<strong>da</strong> odontologia ortodoxa somente quanto justificado do ponto <strong>de</strong> vista epi<strong>de</strong>miológico,<br />

ou seja, pela constatação do <strong>de</strong>terioramento <strong>de</strong>ntal conseqüente ao contato<br />

com outras culturas;<br />

c) ênfase na educação do pessoal encarregado <strong>de</strong> contatar as populações indígenas<br />

pertencentes a instituições governamentais, religiosas, etc., visando a não introdução<br />

<strong>de</strong> hábitos alimentares prejudiciais <strong>à</strong> saú<strong>de</strong> bucal, especialmente o consumo<br />

<strong>de</strong> açúcar;<br />

d) utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra não indígena apenas em último caso, quando for inviável<br />

o aproveitamento <strong>de</strong> elementos <strong>da</strong> própria tribo”.<br />

Em consi<strong>de</strong>ração a estes princípios, torna-se necessário conhecer a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntificar estes fatores que modificaram a maneira <strong>de</strong> viver, <strong>de</strong> produzir e<br />

<strong>de</strong> se relacionar entre os homens gerando doenças, e, a partir <strong>da</strong>í, construir junto com esta<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> um caminho para melhorar a saú<strong>de</strong>.<br />

É um caminho que passa pela educação (incluindo a nossa), as ciências do comportamento,<br />

sociologia, antropologia, bem como o envolvimento <strong>de</strong> outros setores além<br />

do setor saú<strong>de</strong>. Este é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio do trabalho <strong>da</strong>s equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> junto aos povos<br />

indígenas, que constroem este caminho <strong>à</strong> medi<strong>da</strong> que buscam solução dos problemas mais<br />

prevalentes e emergentes, tendo em vista a sua prevenção. A troca <strong>de</strong> conhecimento, o<br />

respeito <strong>à</strong> cultura, aos valores e saberes indígenas são imprescindíveis para que os objetivos<br />

sejam alcançados.<br />

3.6.2. Revisão do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atenção em saú<strong>de</strong> bucal<br />

Tradicionalmente, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trabalho na Odontologia no Brasil e no mundo, quer<br />

no serviço público ou privado, sempre foi centrado na figura do Dentista, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

ações curativas, em pessoas que chegavam ao consultório, tratando assim individualmente<br />

as doenças bucais <strong>da</strong> população. Com este mo<strong>de</strong>lo, não houve mu<strong>da</strong>nça no quadro epi<strong>de</strong>miológico<br />

<strong>da</strong>s doenças bucais, e, pelo contrário, as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento somente<br />

aumentavam, tanto na minoria privilegia<strong>da</strong> que tinha acesso aos serviços como também<br />

no restante <strong>da</strong> população.<br />

Os novos conhecimentos sobre a etiologia e patogenia <strong>da</strong>s doenças bucais mais prevalentes,<br />

baseados neste conceito dinâmico do processo saú<strong>de</strong> e doença, apontam para alterações<br />

estratégicas <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, respal<strong>da</strong>ndo as ações que dão suporte <strong>à</strong> utilização <strong>de</strong> métodos<br />

preventivos, <strong>de</strong> diagnóstico, <strong>de</strong> tratamento específico e <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>ssas doenças.<br />

58<br />

Fun<strong>da</strong>ção Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>

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