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SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

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<strong>SUS</strong>: AVANÇOS E DESAFIOS<br />

ticas essenciais, a heterogenei<strong>da</strong>de e a uni<strong>da</strong>de na diversi<strong>da</strong>de.<br />

A heterogenei<strong>da</strong>de pode materializar-se nas dimensões territoriais,<br />

étnicas, lingüísticas, econômicas, sociais, culturais e políticas. A uni<strong>da</strong>de<br />

na diversi<strong>da</strong>de garante as autonomias regionais ou locais, mas<br />

resguar<strong>da</strong> a integri<strong>da</strong>de, especialmente a territorial, frente às heterogenei<strong>da</strong>des.<br />

O federalismo implica o equilíbrio entre autonomia e interdependência<br />

dos entes federativos porque esse modelo de governo é intrinsecamente<br />

conflitivo. Isso se garante mediante uma Constituição<br />

escrita que define as regras de convivência pela instituição de um sistema<br />

de freios e contrapesos e por mecanismos de parceria entre os<br />

entes federados.<br />

Idealmente, há dois modelos de relacionamentos intergovernamentais<br />

no federalismo: o competitivo e o cooperativo (Abrúcio<br />

(2002). O modelo competitivo, muito valorizado nos Estados Unidos<br />

e baseado nos valores do mercado, estimula a competição entre os<br />

entes federados a fim de que os governos aumentem a responsivi<strong>da</strong>de<br />

para atender melhor e mais eficientemente aos seus ci<strong>da</strong>dãos. Segundo<br />

esse modelo, os ci<strong>da</strong>dãos, considerados consumidores dos serviços<br />

dos governos, teriam maiores possibili<strong>da</strong>des de escolha num ambiente<br />

de competição interfederativa. O modelo cooperativo, vigente<br />

em países como Austrália, Alemanha e Canadá, está assentado na<br />

possibili<strong>da</strong>de de submeter o auto-interesse ao interesse de todos,<br />

gerando um excedente cooperativo na ação interfederativa. Na reali<strong>da</strong>de,<br />

as experiências federativas combinam cooperação e competição<br />

sendo desejável um equilíbrio entre elas. A presença relativa parece<br />

depender, como no caso dos sistemas de saúde, dos valores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

hegemônicos.<br />

O federalismo cooperativo admite duas alternativas: o federalismo<br />

interestadual e o federalismo intra-estatal. No federalismo interestadual<br />

há uma clara separação dos poderes entre os níveis de<br />

governo, de modo que as competências entre os membros do pacto<br />

federativo estejam bem defini<strong>da</strong>s e as competências concorrentes minimiza<strong>da</strong>s.<br />

No federalismo intra-estatal há um incentivo às ações conjuntas<br />

nas políticas públicas; nesse caso, a delimitação <strong>da</strong>s competências<br />

é menos importante que a participação em colegiados de decisão<br />

e monitoramento <strong>da</strong>s políticas. Essas duas formas de federalismo se<br />

encontram, ora com predominância do modelo interestadual, como nos<br />

Estados Unidos, ora com hegemonia do modelo intra-estatal, como na<br />

Alemanha e na Austrália.

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