04.08.2013 Views

SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONASS<br />

Estudo realizado pelo <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> <strong>Saúde</strong> (2002) acerca dos custos<br />

e os valores pagos pelo <strong>SUS</strong> em relação a 107 procedimentos selecionados<br />

mostrou resultados preocupantes. Esses 107 procedimentos<br />

selecionados responderam por 65% dos gastos totais em atenção<br />

hospitalar do <strong>SUS</strong>. Houve variações muito fortes nas defasagens entre<br />

os custos dos procedimentos e os valores pagos pelo <strong>SUS</strong>, mas essas<br />

variações estavam determina<strong>da</strong>s pelas densi<strong>da</strong>des tecnológicas dos<br />

procedimentos. Os procedimentos de alta complexi<strong>da</strong>de, em geral,<br />

apresentaram valores próximos ou superiores aos custos; ao contrário,<br />

os procedimentos de média complexi<strong>da</strong>de, em geral, não tinham seus<br />

custos cobertos pelos valores pagos, podendo chegar, nos serviços<br />

intensivos em cognição, a valores 75% inferiores aos custos.<br />

Jannett (2002) fez um trabalho de benchmarking, comparando os<br />

valores <strong>da</strong> tabela <strong>SUS</strong> com os valores pagos pelo Programa Medicare<br />

na região metropolitana de Boston. Os valores adotados por esse<br />

sistema público americano, em termos relativos, não estão livres de<br />

distorções, mas vêm sendo constantemente equilibrados ao longo dos<br />

anos. Também, os valores absolutos pagos nos Estados Unidos são<br />

sempre maiores que os praticados pelo <strong>SUS</strong>, mas o que o autor quis<br />

analisar é a estrutura de valores relativos em ambos os sistemas. Os<br />

resultados desse trabalho mostram uma relação perversa no <strong>SUS</strong>, em<br />

que os procedimentos cognitivos são extremamente desvalorizados<br />

frente aos procedimentos intensivos em tecnologias de produtos. Isso<br />

pode ser constatado pelos seguintes <strong>da</strong>dos concernentes às relações<br />

entre os valores <strong>SUS</strong> e Medicare: consulta médica, 1/65; ressonância<br />

para fígado, 1/3; e transplante renal, 1/2. A conclusão do trabalho é<br />

que as distorções <strong>da</strong> tabela <strong>SUS</strong> não encontram paralelo na experiência<br />

internacional e mostram uma desvalorização absoluta dos procedimentos<br />

intensivos em cognição que compõem boa parte do conjunto<br />

dos serviços de média complexi<strong>da</strong>de.<br />

Além dos problemas de remuneração dos procedimentos, há uma<br />

dinâmica perversa de reajustes <strong>da</strong> tabela <strong>SUS</strong>. Um estudo do <strong>Ministério</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Saúde</strong> (2001) mostrou os seguintes reajustes porcentuais, de<br />

1995 a 2001, na tabela de internações hospitalares: retira<strong>da</strong> de órgão<br />

para transplante, 300%; tratamento clínico <strong>da</strong> contusão cerebral, 113%;<br />

prostatectomia, 75%; insuficiência renal agu<strong>da</strong>, 51%; bronquite agu<strong>da</strong>,<br />

48%; e crise hipertensiva, 47%.<br />

Por essas razões, as projeções de crescimento dos gastos do<br />

<strong>SUS</strong> até 2010, realiza<strong>da</strong>s por Vianna et al. (2005), mostram um<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!