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SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

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<strong>SUS</strong>: AVANÇOS E DESAFIOS<br />

taxas de mortali<strong>da</strong>de infantil em diferentes países do mundo, concluise<br />

que o gasto público em <strong>Saúde</strong> no país tem baixa quali<strong>da</strong>de porque<br />

pela ren<strong>da</strong> per capita era de se esperar uma mortali<strong>da</strong>de infantil de<br />

metade <strong>da</strong> atual. A partir dessa constatação sugere-se uma agen<strong>da</strong><br />

de simplificação que inclui o aumento dos gastos públicos pela taxa<br />

de crescimento populacional, o aumento <strong>da</strong> desvinculação <strong>da</strong> DRU de<br />

20% para 40%, o fim dos limites mínimos para gastos em <strong>Saúde</strong> e a<br />

redução <strong>da</strong>s vinculações de receitas <strong>da</strong> <strong>Saúde</strong> e Educação. Essa proposta<br />

está calca<strong>da</strong> em supostos discutíveis. Estudos sólidos, feitos em<br />

relação ao mundo (Musgrove, 1996) ou em relação à América Latina e<br />

Caribe (Médici, 2005), não encontraram uma correlação entre gastos<br />

em <strong>Saúde</strong> e mortali<strong>da</strong>de infantil. A taxa de mortali<strong>da</strong>de infantil brasileira<br />

é alta frente às de outros países, não pela baixa produtivi<strong>da</strong>de dos<br />

serviços de saúde mas pela presença significativa de mortes infantis<br />

em regiões de baixo desenvolvimento econômico e social. Essas mortes<br />

excessivas, concentra<strong>da</strong>s relativamente no componente pós-neonatal,<br />

devem-se muito mais a fatores do ambiente do que aos serviços<br />

de saúde. Ou seja, o que transforma o Brasil em outlier na mortali<strong>da</strong>de<br />

infantil são as desigual<strong>da</strong>des de ren<strong>da</strong>, de escolari<strong>da</strong>de e de acesso a<br />

serviços de saneamento. Por isso, a agen<strong>da</strong> deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> análise não<br />

necessariamente vai impactar positivamente a mortali<strong>da</strong>de infantil no<br />

país, nem melhorar a quali<strong>da</strong>de do gasto público em <strong>Saúde</strong>.<br />

2.4. O aumento do gasto público em <strong>Saúde</strong> como questão política<br />

Está claro que o aumento do gasto público em <strong>Saúde</strong> é tecnicamente<br />

justificável, mas encontra seus limites na carga fiscal e nas<br />

dificul<strong>da</strong>des que o país tem tido em crescer de forma sustenta<strong>da</strong>.<br />

Aumentar os gastos públicos em <strong>Saúde</strong> remete, portanto, a uma<br />

disputa distributiva nos orçamentos públicos com outras categorias<br />

de gastos. Essas decisões alocativas dos orçamentos públicos<br />

fazem-se na arena política. O que define, ao fim e ao cabo, os direcionamentos<br />

dos recursos escassos são as opções preferenciais <strong>da</strong><br />

população que se transformam em deman<strong>da</strong>s sociais e chegam aos<br />

agentes de decisão política.<br />

Como se viu anteriormente, o problema dos sistemas segmentados<br />

é que eles tendem ao subfinanciamento pela fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> articulação<br />

dos interesses e <strong>da</strong> vocalização política <strong>da</strong>s maiorias mais pobres.<br />

Os segmentos de classe média, os formadores de opinião, retiram-se<br />

do <strong>SUS</strong> e abrigam-se no Sistema de <strong>Saúde</strong> Suplementar e, por isso, não<br />

têm interesse em defender mais recursos para o sistema público, até<br />

mesmo porque têm uma imagem mais negativa do sistema público

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