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SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

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CONASS<br />

medicamentos (IBGE, 2003b). O outro lado é que a segmentação obriga<br />

os segmentos de maior ren<strong>da</strong> a gastar com serviços de saúde, nas<br />

duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des, o Sistema de <strong>Saúde</strong> Suplementar e o Sistema de<br />

Desembolso Direto. A Tabela 1 evidencia que 29,7% dos gastos <strong>da</strong>s<br />

famílias brasileiras com saúde são para a compra de planos privados.<br />

Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostra<br />

que uma família brasileira de classe média, com quatro membros,<br />

trabalha, em média, 113 dias por ano exclusivamente para custear<br />

despesas priva<strong>da</strong>s com saúde, educação, segurança e transporte, especialmente<br />

com pagamento de pedágios, serviços que poderiam ser<br />

ofertados por sistemas públicos. Essas despesas vêm crescendo assustadoramente;<br />

elas representavam, em 1990, apenas 45 dias de trabalho.<br />

Esses <strong>da</strong>dos mostram que os serviços privados dessas quatro<br />

áreas gravam, forte e crescentemente, o orçamento <strong>da</strong> classe média<br />

brasileira (Cézari, 2006).<br />

Há subsídios fiscais injustos para os usuários dos planos privados, o<br />

que significa subsídios cruzados. Estima-se que as renúncias fiscais do<br />

Imposto de Ren<strong>da</strong>, deriva<strong>da</strong>s de gastos de pessoas jurídicas e físicas no<br />

Sistema de <strong>Saúde</strong> Suplementar, montam 2,5 bilhões de reais ao ano.<br />

A segmentação, pelo subfinanciamento que induz nos sistemas públicos,<br />

acaba gerando iniqüi<strong>da</strong>des no uso dos serviços de saúde. Ain<strong>da</strong> que<br />

esse uso dos serviços de saúde esteja melhorando no país, persistem,<br />

como se detectou na PNAD/2003 e se mostra no Gráfico 16, um menor uso<br />

para os segmentos de menor ren<strong>da</strong> que se percebem como portadores de<br />

um Estado de saúde ruim ou muito ruim (Travassos, 2005).<br />

Não é fácil mu<strong>da</strong>r um sistema segmentado porque ele acomo<strong>da</strong> bem<br />

os interesses políticos e econômicos dos atores sociais mais significativos<br />

em situação na arena sanitária. Os planos privados especializam-se<br />

na ven<strong>da</strong> de serviços a pessoas e famílias sobrefinancia<strong>da</strong>s e a<br />

empresas; o Estado centra-se nos segmentos populacionais subfinanciados;<br />

os prestadores de serviços privados têm espaço para discriminar<br />

preços segundo o nível de ren<strong>da</strong> dos usuários; isso é consistente<br />

com o princípio de que as pessoas com capaci<strong>da</strong>de aquisitiva devem<br />

ter o direito de eleger onde querem ser atendi<strong>da</strong>s e o Estado tem que<br />

advogar as necessi<strong>da</strong>des dos carentes. Para os políticos mantém-se<br />

uma fonte de poder na administração de grandes orçamentos públicos<br />

e evitam-se enfrentamentos com as corporações profissionais. Finalmente,<br />

a manutenção de prestadores estatais reserva lugar para o<br />

exercício do poder sindical (Gior<strong>da</strong>no e Colina, 2000).<br />

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