04.08.2013 Views

SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

58<br />

<strong>SUS</strong>: AVANÇOS E DESAFIOS<br />

A segmentação dos sistemas de saúde é fator de “desacumulação”<br />

de capital social. O capital social tem sido definido como a capaci<strong>da</strong>de<br />

de uma socie<strong>da</strong>de estabelecer, coletivamente, objetivos de médio e<br />

longo prazo; de promover a coesão entre as pessoas, instituições e populações<br />

em torno desses objetivos; e de manter, ao longo do tempo,<br />

uma constância de propósitos (Coleman, 1990). A “desacumulação”<br />

do capital social, expressa no desgaste dos laços de coesão social e<br />

no enfraquecimento <strong>da</strong>s relações de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e confiança entre<br />

grupos sociais e instituições, produz impacto negativo na situação de<br />

saúde <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des. Isso tem sido constatado nos Estados Unidos<br />

por meio de estudos que demonstram uma associação negativa entre<br />

o capital social dos diferentes Estados e suas taxas de mortali<strong>da</strong>de<br />

geral (Comissão de Determinantes Sociais <strong>da</strong> <strong>Saúde</strong>, 2005).<br />

Os problemas <strong>da</strong> segmentação manifestam-se no sistema de saúde<br />

brasileiro, ampliando as iniqüi<strong>da</strong>des na <strong>Saúde</strong>.<br />

Há uma mobili<strong>da</strong>de unilateral <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>. Os beneficiários do Sistema<br />

de <strong>Saúde</strong> Suplementar utilizam, com freqüência, os serviços de<br />

maior densi<strong>da</strong>de tecnológica do <strong>SUS</strong>, mas os que não estão cobertos<br />

pelos planos de saúde não podem utilizar seus serviços privados. Isso<br />

configura uma seleção adversa no <strong>SUS</strong> (Médici, 2005). As tentativas<br />

de reembolso do <strong>SUS</strong> por essas despesas têm sido frustrantes e não<br />

parecem ser uma solução factível. As razões pelas quais os usuários<br />

de planos privados buscam os procedimentos de maior densi<strong>da</strong>de tecnológica<br />

no sistema público estão nos altos custos desses serviços, o<br />

que leva à falta de oferta pelos planos privados, e na percepção pela<br />

população de que esses serviços do <strong>SUS</strong> têm maior quali<strong>da</strong>de (CO-<br />

NASS, 2003). Em relação aos custos, um transplante de pulmão tinha,<br />

em 2002, um custo de aproxima<strong>da</strong>mente 50 mil reais; um tratamento<br />

de terapia renal substitutiva pode custar no mercado privado em torno<br />

de 5 mil reais por mês; e os custos de certos medicamentos de dispensação<br />

em caráter excepcional são altíssimos (Vianna et al., 2005). A<br />

natureza catastrófica desses custos em <strong>Saúde</strong> faz com que a pobreza<br />

sanitária se coloque num patamar muito mais alto que a pobreza socioeconômica,<br />

determina<strong>da</strong> por uma linha de pobreza.<br />

Da<strong>da</strong> a debili<strong>da</strong>de intrínseca do financiamento do sistema público<br />

como parte de um sistema segmentado, os usuários do <strong>SUS</strong> devem<br />

recorrer, freqüentemente, ao Sistema de Desembolso Direto. Como se<br />

viu, os estratos de ren<strong>da</strong>s mais baixas despendem 4,1% de suas ren<strong>da</strong>s<br />

familiares mensais com serviços de saúde, especialmente com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!