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SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

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CONASS<br />

em relação à ren<strong>da</strong> familiar mensal dos mais ricos manteve-se estável,<br />

variando de 5,7% em 1996 para 5,6% em 2003. Isso pode significar uma<br />

diminuição relativa <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des no sistema de saúde brasileiro,<br />

verifica<strong>da</strong> em tempos recentes e expressa numa que<strong>da</strong> importante<br />

<strong>da</strong>s despesas diretas dos bolsos <strong>da</strong>s famílias mais pobres em <strong>Saúde</strong>.<br />

Há que se ressaltar que houve uma mu<strong>da</strong>nça importante no item medicamentos<br />

entre as pesquisas de 1996 e 2003. As despesas <strong>da</strong>s famílias<br />

mais pobres em medicamentos, que eram 52,4% do total <strong>da</strong> <strong>Saúde</strong>,<br />

subiram para 63,4% em 2003; o que indica que os gastos do próprio<br />

bolso com medicamentos é uma fonte de iniqüi<strong>da</strong>de no sistema de<br />

saúde brasileiro.<br />

1.3. Os resultados <strong>da</strong> segmentação dos sistemas de saúde<br />

Os sistemas segmentados de saúde são justificados por um argumento<br />

de senso comum de que, ao se instituírem sistemas especiais<br />

para os que podem pagar, sobrariam mais recursos públicos para atendimento<br />

aos pobres. As evidências empíricas vão em sentido contrário.<br />

A instituição exclusiva de sistemas públicos para os pobres leva,<br />

inexoravelmente, a um subfinanciamento desses sistemas (Londoño<br />

e Frenk, s/<strong>da</strong>ta; Hsiao, 1994). A razão é simples: os pobres, em geral,<br />

não conseguem se posicionar adequa<strong>da</strong>mente na arena política<br />

e apresentam custos de organização muito altos; em conseqüência,<br />

dispõem de baixa capaci<strong>da</strong>de de articulação de seus interesses e de<br />

vocalização política. Essa é a razão pela qual Lord Beveridge estava<br />

certo ao advertir, nos anos 40, que “políticas públicas para os pobres<br />

são políticas pobres”.<br />

O caso do sistema segmentado americano é ilustrativo: os dois sistemas<br />

públicos, o Medicaid e o Medicare, apresentam diferenças qualitativas<br />

significativas. A explicação é que o Medicaid apresenta pior<br />

quali<strong>da</strong>de porque é um sistema exclusivo para os pobres, enquanto o<br />

Medicare envolve idosos de diferentes estratos sociais, o que o torna<br />

mais suscetível a pressões de grupos sociais mais organizados, especialmente<br />

os segmentos de classe média que dele fazem parte (Emanuel,<br />

2000). No Chile, uma política delibera<strong>da</strong> do governo militar de<br />

segmentar o sistema nacional de saúde gerou iniqüi<strong>da</strong>des profun<strong>da</strong>s<br />

no sistema (Iturriaga, 2000).<br />

Os sistemas segmentados levam, em geral, à iniqüi<strong>da</strong>de. O sistema<br />

segmentado dos Estados Unidos, apesar de ter o maior gasto per capita<br />

no mundo, exclui de seus benefícios, de forma crescente, 43 milhões<br />

de ci<strong>da</strong>dãos (Institute of Medicine, 2004).<br />

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